Atos públicos e passeatas marcam dia de luta pela descriminalização do aborto

28/09/2009 - 17h09

Da Agência Brasil

Brasília - NoDia de Luta pela Descriminalização do Aborto na AméricaLatina e no Caribe, a coordenadora da Rede Feminista de Saúde do Distrito Federal, Karen LúciaBorges Queiroz, defendeu, em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, que a saúde reprodutiva tem de ser encarada como um direito da mulher. “A gentedefende que nenhuma mulher é obrigada a ser mãe. Assimcomo todas as mulheres que podem e querem ser mãe, tem odireito de dar à luz. A questão da saúde sexualreprodutiva tem que ser um direito”, explicou.Acoordenadora afirma que o aborto malfeito é a terceira causa de morte materna no país e afirma que esse fato está ligado àquestão de injustiça social. “Mulheres negras e de baixarenda sofrem preconceito social e praticam o aborto de formaprecária.”A Articulação de Mulheres Brasileiras, organização não governamental que atua na defesa dos direitos humanos, realizou hoje (28) ações e atos públicos em oito estados, entre eles, Paraíba, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Pernambuco, para marcar o dia de luta pela legalização do aborto na América Latina e no Caribe. A integrante do Fórum de Mulheres de Pernambuco, Sílvia Camurça, afirma que a ideia é coletar assinaturas para a instalação de uma frente nacional que visa ampliar o debate em favor da autonomia reprodutiva das mulheres.  Paraa presidente do Movimento Brasil sem Aborto, Denise Garcia, alegalização do aborto é uma forma de mascarar o problemade saúde pública. “É preciso trabalhar comtodas as famílias para que tenham condição deter e de criar seus filhos, a fim de que estejam bem informados. Dar qualidade de vida àspessoas e não usar o argumento da falta de qualidade parafazer um ato que é ilegal.”

Segundoestimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), noBrasil, ocorrem aproximadamente 1 milhão de abortosespontâneos e inseguros, com uma taxa de 3,7 abortos para cada grupo de 100mulheres de 15 a 49 anos. Esses números não abrangem os abortos por razões médicas e legais, ou seja,aqueles permitidos pelo Artigo 128 do Código Penal Brasileiro,que tratam de risco de morte para a mulher e de gravidez resultantede estupro.

Deacordo com informações do Ministério da Saúde,de janeiro a junho deste ano, foram realizadas cerca de 112.834internações no Sistema Único de Saúde (SUS) para procedimentos de pós-abortos ilegais (curetagens),que geraram um custo aos cofres públicos de R$ 22,8 milhões.Só no estado de São Paulo, nesse período, foramautorizadas mais de 20 mil internações em hospitais públicos para essa finalidade, enquanto noDistrito Federal aconteceram 2.094.