Lula diz que países ricos não souberam assumir seus erros diante da crise mundial

27/09/2009 - 14h27

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Isla de Margarita (Venezuela) - O presidente Lula voltou a criticar a maneira comque os países desenvolvidos trataram a crise financeirainternacional. No discurso de abertura da 2ª Reunião deCúpula que está sendo realizada na Isla de Margarita, naVenezuela, com a participação de 30 chefes de Estados ede governo. O presidente brasileiro disse que alguns paísesricos foram incapazes de assumir seus erros.“Desde nossa primeira cúpula em Abuja[Nigéria], a economia mundial enfrentou uma das maiorescrises de sua história. Incapazes de assumir seus próprioserros, alguns governantes buscam transferir o ônus da crisepara os mais fracos. Responsabilizam os imigrantes pelo desemprego,mas vacilam em coibir os bônus milionários pagos aosexecutivos que promoveram a crise. Adotam medidas protecionistas, queoneram os bens e serviços exportados por países emdesenvolvimento. Ao mesmo tempo, se mostram lenientes com os paraísosfiscais”, afirmou. “A comunidade internacional precisa reagir. Nareunião do G20, em Pittsburgh, reiterei que a prioridade nãodeve ser de salvar bancos falidos. Precisamos oferecer respostas aosmilhões que perderam os empregos e tiveram as esperançasfrustradas”, completou.Ao ressaltar que os países não podemser complacentes com sinais do retorno à especulaçãodesenfreada, o presidente defendeu a presença do Estado naregulação dos mercados. “A mão visível do Estado devepreencher o vácuo regulatório deixado pela mãoinvisível do mercado. Não há melhor resposta àcrise que a integração. A aposta que fizemos no eixoSul-Sul foi vitoriosa. Graças ao crescimento das trocas entrea América do Sul e a ÁfricaSegundo Lula, os países da Américado Sul e da África estão construindo “uma ponte dediálogo e de colaboração que já levou aoaumento de 50% nas trocas comerciais entre os dois continentes desdea 1ª Reunião da Cúpula dos Chefes de Estado e deGoverno realizada há dois anos, na Nigéria, na África.“Queremos fazer da cooperação umfator de emancipação técnica e tecnológica,compartilhando experiências bem sucedidas em matéria desaúde, agricultura e energia, pois acreditamos no poder detransformação de uma parceria entre as regiõesque vivem realidades semelhantes e enfrentam problemas comuns’,disse o presidente Brasileiro. Para Lula, os resultados concretos que estãosendo colhidos são visíveis e podem ser constatadospelos números. “Nos últimos seis anos, o comércioentre as duas regiões saltou de US$ 6 bilhões para US$ 36 bilhões. Esse processo de fortalecimento de nossa soberaniaeconômica só faz ganhar força”, disse. Na avaliação do presidentebrasileiro, “os sinais de recuperação econômicanão nos autorizam a abandonar as medidas de estímulo aoconsumo e à produção, nem de combate àpobreza e à fome. Afinal, os países mais pobres têmpressa em recuperar suas economias e as perspectivas de prosperidadepara seus povos”, disse.