Brasil vai apresentar proposta sobre crise em Honduras na reunião da Venezuela

26/09/2009 - 10h59

Nielmar de Oliveira
Enviado Especial da EBC
Isla de Margarita (Venezuela) - O governo brasileiro prepara um documento para ser discutido no âmbito da 2ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da América do Sul e da África (ASA) em busca de um consenso envolvendo uma posição conjunta sobre a ruptura do processo democrático em Honduras, que culminou com a deposição do presidente Manuel Zelaya e o cerco à embaixada brasileira em Tegucigalpa, a partir do retorno do presidente deposto ao país que se abrigou na embaixada.Embora não tenha se furtado a falar sobre o tema, o embaixador Gilberto Moura, diretor do Departamento de Mecanismos Regionais do Ministério das Relações Exteriores, que cuida especificamente das reuniões de cúpulas, não quis antecipar a posição brasileira e tão pouco confirmou a apresentação do documento.“Eu não posso responder isto aos senhores. Claro que o assunto é candente, é importante e a há, naturalmente, uma preocupação do governo brasileiro em relação a uma situação da nossa embaixada em Honduras e em relação à situação do próprio país, mas, naturalmente, uma decisão sobre uma declaração conjunta será tomada em conjunto entre os chefes de Estado e de governo dos países membros”, disse.  Ainda assim, diante da relevância do tema, Moura admitiu que “sempre existe a possibilidade de que isto venha a ocorrer [a proposta de uma posição conjunta], mas adiantou ser necessário observar, primeiro, como a reunião irá se desenvolver e se o tema será de fato levantado.“Nós poderemos realmente trabalhar com essa possibilidade [da proposta por parte do governo brasileiro de uma proposição conjunta sobre a crise em Honduras], mas realmente eu digo com sinceridade que eu não tenho os elementos necessários para assegurar que o documento com a posição conjunta será parte integrante da declaração do encontro. Pode vir a ocorrer, como também por alguma razão poderá não constar da declaração”, afirmou.O embaixador disse que o Brasil não pode antecipar, inicialmente, o teor do comunicado. “Porque é um comunicado conjunto que envolve 53 países da África e 12 da América do Sul".    O embaixador Gilberto Moura lembrou que todos os pontos da declaração a ser formulada do encontro estão sendo negociados de forma reservada em salas separadas e que se houver uma posição conjunta sobre Honduras será do conhecimento de todos.“Mas, como vocês sabem, o tema foi levantado pelo ministro Celso Amorim [das Relações Exteriores] recentemente e também pode ser questão de debate agora na ASA.O assunto Honduras tornou-se um dos assuntos regionais mais importantes do encontro dos chefes de Estado e de governo, e é considerado, por parte das autoridades brasileiras, de suma importância na medida em que o país considera fundamental a manutenção da democracia na região.  Moura garantiu que assim que tiver a informação concreta de que o caso Honduras resultará na produção de um documento à parte, ou se será parte integrante da declaração a ser tirada do encontro a divulgará aos jornalistas. O embaixador Gilberto Moura disse que os participantes da 2ª Cimeira estão trabalhando em uma declaração que consolida de certa maneira o diálogo político que se pretende definir entre as duas regiões, América do Sul e África. “Elas naturalmente envolvem varios elementos importantes da agenda internacional importantes para as duas regiões. Existe também o documento em que nós estamos trabalhando e que consolidaria os projetos de cooperação que nós desejamos implementar entre as duas regiões”, disse. O embaixador ressaltou o fato de que no âmbito da ASA existem oito grupos de trabalho, “e estes oito grupos de trabalho mantiveram reuniões ao longo do ano e produziram plano setoriais de trabalhos, todos consolidados e que serão implementados em uma próxima fase, envolvendo as áreas de educação, cultura, ambiente, ciência e tecnologia, administração pública e energia”.  A 2ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo será aberta oficialmente às 11h de hoje sábado (26) com reuniões até amanhã (27), quando será encerrada. O evento ocorre sob forte esquema de segurança e regime de lei seca”, imposta pelo presidente Hugo Chávez.  O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à Isla Margarita, no fim da noite de ontem (25).