Possibilidade de substituição do braille nas escolas mobiliza organizações

25/09/2009 - 14h32

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A possibilidade de oMinistério da Educação (MEC) substituir, nas instituições de ensino, osistema braille de leitura para cegos e portadores de forte deficiênciavisual por computadores com programas específicos mobiliza entidades representativas dessa parcela da população.Esse será um dos pontos principais do documento final do Seminário Brasileiro em Comemoração ao Bicentenário deNascimento de Louis Braille, criador do alfabeto para cegos. O documento vai ser encaminhado a autoridades do Legislativo e do Executivo.Aproposta seria uma alternativa apresentada pelo MEC para regularizar adistribuição de livros didáticos em braille a cerca de 10 mil crianças cegas de escolas públicas. O primeiro-vice-presidente da Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB),Moisés Bauer Luiz, ressaltou que a substituição do braille poroutro sistema é completamente inviável.O encontro, promovidopela organização, reúne 300 pessoas e 70 instituições na Câmara dosDeputados e será encerrado após dois dias de debates. Entidadesinternacionais também participam do seminário, uma recomendação daOrganização das Nações Unidas (ONU) para comemorar os 200 anos da criaçãodesse sistema de leitura pelo francês Louis Braille, cego desde os 8anos de idade.Sobre a iniciativa do MEC, Moisés Bauer afirmou que a organização defende um sistema misto no qualse preserve o método tradicional para alfabetizar as criançasdeficientes, aliando a incorporação de novos sistemas como os programasde informática próprios para cegos.“O sistema braille é fundamental para a formação educacional do cego, principalmente da 1ª à 4ª séries”,destacou o vice-presidente da ONCB. Quanto ao atraso na distribuiçãodos livros didáticos, a instituição questiona a iniciativa do MEC decancelar a parceria com a Fundação Dorina Nowill, responsável pelaconfecção e distribuição dos livros didáticos juntamente com o InstitutoBenjamin Constant.Segundo ele, a alternativa apresentada peloministério de reestruturar o sistema, com a capacitação dos estadospara confeccionar e distribuir o material didático, levará pelo menosdois anos até ser implementada. “Até a semana passada não tinha saídosequer o edital de licitação para a compra de 554 impressoras que serãodistribuídas [aos estados e escolas capacitadas ao trabalho]”, afirmou.