Fim da isenção do IPI deve amortecer consumo, avalia Banco Central

25/09/2009 - 11h31

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A retirada de estímulostributários (isenção do IPI em automóveis e eletrodomésticos, principalmente) deve funcionar como um amortecedor ao consumo, que vemsendo beneficiado pela melhora das condições de crédito e porsinais positivos do mercado de trabalho.A avaliação consta doRelatório Trimestral de Inflação, divulgado hoje (25) peloBanco Central (BC). No relatório, o BC destaca que a expansão docrédito tem sido liderada pelos bancos públicos.“É possível queiniciativas por parte dos bancos privados no sentido de recuperarsuas respectivas fatias de mercado levem a crescimento mais intensodo crédito, com desdobramentos positivos sobre o consumo dasfamílias e, em linhas gerais, sobre a atividade econômica”,informa o relatório.De acordo com o BC, o consumo é um dosdos fatores que sustentam as perspectivas de continuidade darecuperação da economia. Outro elemento é o fato de,diferentemente de outros períodos de crise, não ter ocorridoruptura no balanço de pagamentos (as transações comerciais efinanceiras do Brasil com o exterior), nem crise financeira do setorpúblico, alta da inflação ou desconfiança de mudança na políticaeconômica.O terceiro aspecto é que “as ações depolítica monetária [definição da taxa Selic] – semprejuízo do compromisso com as metas para a inflação – e osestímulos fiscais – sem por em risco a sustentabilidade da relaçãodívida/PIB – ainda contribuirão para o processo de retomada daatividade econômica”. Entretanto, o BC ressalta que“existem incertezas sobre o comportamento dos investimentos, pois,apesar da melhoria do clima de confiança, os níveis de utilizaçãoda capacidade instalada ainda se encontram baixos, embora emmovimento ascendente”.Além disso, “o comportamento das exportações dependerádiretamente do ritmo de recuperação da economia mundial, embora omaior dinamismo das economias emergentes esteja desempenhando umpapel importante”.No relatório, o BC manteve a projeçãode crescimento do PIB em 0,8% neste ano. A confirmação ocorreudepois de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)informar, no dia 11 deste mês, que o PIB cresceu 1,9 % no segundotrimestre do ano na comparação com o trimestre anterior. Em relaçãoao segundo trimestre de 2008, houve queda de 1,2%. Segundo orelatório do BC, o PIB registrou taxa de crescimento “significativa,na margem”, no segundo trimestre do ano. Esse crescimento, segundoo BC, ratificou as perspectivas de recuperação do nível deatividade sinalizadas no relatório anterior, divulgado em junho.Para o BC, essa“trajetória reflete a flexibilização da política monetária eos incentivos fiscais direcionados a segmentos importantes na cadeiaprodutiva”. No relatório, o BC informa que há a expectativa deque, ao menos em parte, esses estímulos fiscais sejam retirados apartir do segundo semestre de 2010.