Mulher de Zelaya foi quem pediu abrigo para o marido na embaixada brasileira

22/09/2009 - 1h09

Roberta Lopes
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das RelaçõesExteriores, Celso Amorim, disse que a mulher do presidente deposto deHonduras, Manuel Zelaya, foi quem pediu abrigo para ele na Embaixada do Brasil.  Em entrevista ontem (21) em Nova York, Amorim disse que aproximadamente uma hora antes de Zelaya ir à Embaixada do Brasil,uma deputada procurou o encarregado de Negócios, Francisco Rezende, e pediu que a mulher de Zelaya fosserecebida.“A mulher de Zelayadisse que ele estava nas cercanias e perguntou se ele poderia ir atéa Embaixada do Brasil. Zelaya, então, foi autorizado. "Estamosdando abrigo e vamos ajudar [nas negociações paraque Zelaya retorne ao poder], se solicitado”, acrescentouAmorim. Ele disse ainda que avolta de Manuel Zelaya poderá facilitar as negociaçõespara que o impasse entre ele e o governo interino, comandado porRoberto Micheletti, seja resolvido. Amorim afirmou quenão teve contatos diretos com o governo de Micheletti sobre avolta de Zelaya e pediu ao secretário-geral da Organizaçãodos Estados Americanos (OEA), Jose Miguel Insulza, que façaesses contatos. Ele também pediu que o embaixador do Brasil emWashington, Antonio Aguiar Patriota, fale com a Casa Branca para que faça oscontatos com o governo interino.O ministro disse esperar que o governo interino de Honduras mantenha a integridade deZelaya, da embaixada e dos funcionários. Ele afirmou tambémque a situação de Zelaya não é umasituação de asilo, mas que ele “goza de todas asprerrogativas de qualquer outra pessoa numa situaçãocomo essa”. Amorim voltou a afirmarque o governo brasileiro sempre defendeu a volta pacífica deZelaya ao poder. “Sempre dissemos que queríamos uma soluçãorápida e pacífica”, disse.Zelaya foi destituídodo poder depois de propor uma consulta popular sobre  mudançasna Constituição que poderiam levá-lo a uma reeleição,o que é proibido em Honduras. No fim de julho, o presidente deposto foi retirado decasa por militares e levado de avião à Costa Rica, ondepermaneceu por três meses. Nesse tempo, fez uma tentativa devoltar a Honduras, mas não teve sucesso.