Estudantes recebem a primavera com experimento que mostra o caminho do Sol na Amazônia

22/09/2009 - 18h35

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Pesquisadores do Museu da Amazônia realizaram hoje (22), exatamente ao meio-dia, o estudo Experiência do Equinócio com estudantes de uma escola estadual de Manaus e da Vila do Equador, que fica no município de Rorainópolis, Roraima.O objetivo foi mostrar que o caminho percorrido pelo Sol, em relação à Terra, ao longo do ano, épercebido de forma diferente, e que entender isso pode ajudar acompreender porque no Brasil, por exemplo, existem tantas variações declima e temperatura em localidades diferentes em uma mesma época do ano.Hoje, dia em que começa a primavera, o Sol forma umângulo de 90 graus em relação ao horizonte nas áreas localizadas naregião da Linha do Equador. De acordo com o astrônomo GermanoAfonso, consultor do Musa, o experimento foi realizado ao meio-diaporque é o momento em que ocorre a passagem do Sol a pino. No casoda Amazônia, isso ocorre duas vezes ao ano.“Esse fenômeno está relacionado à posição do Sol que, no início daprimavera e do outono, fica a pino, ou seja, forma um ângulo de 90 graus nasregiões da Linha do Equador”, explicou Afonso, em entrevista à Agência Brasil.A Experiência do Equinócio é simples e consiste em posicionarverticalmente um tubo oco de madeira sobre um pequeno recipiente comágua. “Dessa forma, é possível acompanhar o movimento do Sol e vê-lorefletido sobre a água exatamente quando se formam esses 90 graus”,explicou.O experimento comprova que os movimentos do Sol são percebidos deforma diferente pelo mundo e ensina conceitos como os de latitude elongitude. O caminho percorrido pelo Sol, segundo o especialista, gerareflexos na meteorologia e na biodiversidade de cada localidade. Nocaso da Amazônia, explica o porquê da presença das altas temperaturasnesta época do ano.  “Quando o sol está mais alto, o calor é maior. Masas temperaturas também sofrem influência de ventos e chuvas, porexemplo”, ressaltou o astrônomo.Segundo o coordenador-geral do Musa, Enio Candotti, o experimento érealizado há séculos, inclusive por povos indígenas, que acreditam que apassagem do Sol a pino está relacionada ao domíniode um deus superior e ao apoio que outros deuses deram para a construçãodo mundo e a sobrevivência de seus habitantes. Candotti informou que o experimento realizado na presença dos estudantes do Amazonas e de Roraima é umexemplo do que o Musa vai implantar a partir do próximo ano, quando,efetivamente, começar a funcionar. A experiência tambémfaz parte das comemorações do Ano Internacional da Astronomia.“Estamos resgatando um conhecimento tradicional que não está sendoprestigiado. O Musa será uma oficina permanente a serviço da educação,das escolas e da popularização da ciência”, explicou Candotti.