Zelaya diz que não sabe quando vai sair da Embaixada do Brasil

21/09/2009 - 21h30

Roberto Maltchik
Repórter da TV Brasil
Brasília - O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse hoje (21)à TV Brasil, por telefone, que ainda é cedo para saber quando deve sair daembaixada brasileira na capital de Honduras, Tegucigalpa. Ele chegou àembaixada no começo da tarde, sem o conhecimento do governo golpista,após 86 dias longe do país. “É muito cedo para falar até quando eu vou ficar aqui na Embaixada do Brasil. Agora, vamos iniciar o diálogo”, afirmou.Zelaya disse que viajou por 15 horas até chegar à capital. Segundoele, a viagem foi tensa. Ele teria passado por várias cidades, a pé oude carro, e ultrapassado inúmeros bloqueios militares. “Usei diferentes transportes e passei por diferentescidades para chegar são e salvo à capital. Há muita repressão pelocaminho”, conta, em entrevista exclusiva ao telejornal Repórter Brasil, que vai ao ar às 21h na TV Brasil.Em julho passado, o presidente deposto fez duas tentativas frustradas de retornar ao poder. Na primeira, em 5 de julho,chegou a sobrevoar a capital, mas foi impedido de aterrissar porbloqueios militares na pista do aeroporto. Houve confronto entre apolícia e apoiadores de Zelaya. Uma pessoa morreu.No dia 24 de julho,Zelaya fez uma nova tentativa. Desta vez, tentou entrar no país pelafronteira com a Nicarágua. Ficou menos de uma hora em solo hondurenho eteve que voltar para a Nicarágua, sob pena de ser preso pelo governointerino.Hoje, Zelaya fez um apelo pelo diálogo paraevitar um derramamento de sangue. Segundo ele, chegou a hora de o governointerino de Roberto Michelleti corrigir os erros cometidos durante ogolpe. “Honduras merece um acordo pacífico, sem violência, semderramamento de sangue. O povo está indefeso, não tem armas... e seriamuito lamentável se, mesmo diante da comunidade internacional, ogoverno reprimir o povo. Creio que o senhor Michelletti deve corrigirrapidamente os erros que cometeu e evitar um derramamento de sangue”.Zelaya também agradeceu ao governo brasileiro por ter aberto a embaixada, mesmo sob riscos de protestos. “Queriaagradecer o presidente Lula, o chanceler [Celso] Amorim e o [assessor da Presidência] Marco AurélioGarcia que abriram as portas para iniciar o diálogo. Que a luta pelademocracia em Honduras sirva para a América Latina e para o continente”.