Retaliação brasileira ao algodão norte-americano poderá sair em dois meses, diz Abrapa

21/09/2009 - 20h03

Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Câmara deComércio Exterior (Camex) apresentará, em dois meses, aretaliação que o país aplicará contra osEstados Unidos por causa de subsídios ao setor de algodão,disse hoje (21) o presidente da Associação Brasileirados Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha. Ele sereuniu com a secretária executiva daCamex, Lytha Spíndola, para discutir o assunto.Umgrupo técnico está estudando os produtosamericanos que sofrerão a retaliação tarifáriadeterminada pela Organização Mundial do Comércio(OMC), no último dia 31 de agosto, no valor de até U$800 milhões. Cunha explicou que os técnicos estão preocupados em não gerar mais custos aos produtoresbrasileiros, taxando, por exemplo, fertilizantes e máquinasagrícolas.Outraquestão que aflige o presidente da Abrapa é apossibilidade de que o governo, em vez de retaliar osamericanos, com tarifas às importações, negocieoutra compensação qualquer, como a abertura de mercadosa outro produto, deixando o algodão de lado. “Issoé inaceitável. Não podemos perder de vista oobjetivo principal que é a redução de subsídios.Para que haja alguma movimentação no Congressoamericano para um estudo de sua lei agrícola, é precisoque haja pressão para isso, e o mecanismo legal que temos éexatamente a retaliação”, afirmou. Cunha acreditaque o preço do algodão no mercadointernacional pode aumentar até 20%, caso o governo dosEstados Unidos deixe de subsidiar seus produtores. Atualmente,os estoques mundiais de algodão em pluma estão muitoaltos, fazendo com que os preços fiquem muito baixos, e outros países produtores também subsidiam oproduto, uma política que pode ser revista, segundoCunha, a partir da decisão da OMC e da forma como o Brasilaplicará a retaliação. Caso o governo tome a decisãopela compensação, o presidente da Abrapa defende queela venha para o setor de algodão. “Senão temos como competir com os americanos em termos desubsídios, que tenhamos a condição de competir emtermos da mesma capacitação no setor produtivo, e éisso que esperamos do governo”, disse, apontando asdificuldades do setor de algodão em tecnologia, defesavegetal, logística e promoção e marketing doproduto nacional.