Ascensão social beneficiou 31 milhões de brasileiros entre 2003 e 2008, revela pesquisa

21/09/2009 - 17h51

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cerca de 31 milhões de brasileiros subiram de classesocial entre os anos de 2003 e 2008. Entre eles, 19,4 milhões deixarama classe E, que traça a linha da pobreza no país, tendo a rendadomiciliar inferior a R$ 768,00; e outros 1,5 milhão saíram da classe D(de R$ 768,00 a 1.114,00). Com isso, houve uma queda acumulada de 43%no grupo dos mais pobres neste período. Ao mesmo tempo, a classeAB, que representa o grupo com renda domiciliar mais elevada (superiora R$ 4.807,00), ganhou 6 milhões de pessoas. A classe C (renda familiar entreR$ 1.115,00 e 4.807,00) é a maioria da população e recebeu 25,9 milhões de brasileiros nos últimos cinco anos.Aconstatação faz parte de um estudo divulgado hoje (21) pela FundaçãoGetulio Vargas (FGV), com base nos dados de 2008 da Pesquisa Nacional porAmostra de Domicílios (Pnad), apresentada na semana passada peloInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Deacordo com o economista da FGV Marcelo Néri, responsável pelo estudo,esse movimento foi puxado principalmente pelas políticas detransferência de renda do governo federal, como o Bolsa Família, quetraz como impacto direto a melhoria na renda do brasileiro pertencenteà camada mais baixa. Ele acredita que as transferências de renda nomomento atual de crise podem contribuir para a retomada da economia.“Seeu reajusto o Bolsa Família, a grande beneficiária é a classe E. Se euaumento o salário mínimo, por exemplo, quem mais ganha é a classe D. Jáse faço reajuste das aposentadorias acima do [salário] mínimo quemganha mais é a classe AB", diz Néri. "Por isso defendo mais reajustestransitórios ao Bolsa Família do que reajustes permanentes ao mínimo emuito menos ganhos de pensões acima do mínimo, que não beneficiam nem aclasse média brasileira.”Para ele, as políticas de renda têmimpacto totalmente diferente em termos de desigualdade e de pobreza ena situação atual têm efeito diferente sobre a demanda. "O pobreconsome toda a renda dele e, neste momento em que a gente estáprecisando de um ataque contra a crise, eu diria que o Pelé é o mercadointerno e o seu companheiro de ataque é o Tostão do Bolsa Família. Essaé a dupla eficiente que está permitindo ao Brasil sair da crise ou nãoter entrado tanto nela”, diz.Néri destacou, ainda, quedesde 2001 o Brasil vive um processo de redução da desigualdade. Nesteperíodo, a renda per capita dos 10% mais pobres da população subiu 72%,enquanto a dos 10% mais ricos cresceu, aproximadamente, 11%. De acordo com oeconomista, essa melhora no indicador foi impulsionado principalmentepela renda do trabalho.“Acho que essa redução de desigualdadefoi a grande conquista da década. O fato de ser puxada em cerca de dois terços pela renda do trabalho significa que o brasileiro está gerando suaprópria renda. O que temos observado é um boom no mercado de trabalho”,ressaltou Neri. Segundo ele, os programas sociais ou aposentadoriasforam responsáveis pelos outro um terço do movimento.