Número de analfabetos se mantém estável em 2008

18/09/2009 - 11h39

Isabela Vieira e Amanda Cieglinski
Repórteres da Agência Brasil
Rio de Janeiro e Brasília - A taxa de pessoas analfabetas teve uma redução insignificante de 2007 para 2008, passando de 10,1% para 10%, o equivalente a 14,2 milhões de pessoas com mais de 15 anos que não sabem ler e escrever um bilhete simples. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), divulgada hoje (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Para oministro da Educação, Fernando Haddad, o resultado é surpreendente, porque mostra que a taxa “caiu muito pouco”. Ele destacou umaumento de 140 mil analfabetos entre as pessoas com mais de 25anos, especialmente no Sul e no Sudeste, o que para ele não é “algocompreensível”. “É um dado estranho. Supostamente, é como sepessoas que se declararam alfabetizadas em um ano se declarassemanalfabetas no [ano] seguinte.”O documento divulgado pelo IBGE mostra também que o número de analfabetos funcionais (proporção de pessoas com mais de 15 anos de idade e menos de quatro anos de estudo) apresentou uma redução maior no período, de 0,8 ponto percentual, sendo estimada em 21% em relação ao total da população nessa faixa etária (30 milhões de pessoas).Para o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, acelerar a queda do analfabetismo depende de medidas que atraiam os adultos para escola, além do combate às desigualdades sociais e raciais. Segundo ele, os programas atuais já atingiram os objetivos e precisam de renovação.“As estratégias não conseguem mais surtir efeito”, afirmou. “Mesmo em São Paulo, o estado mais rico da Federação, há um grande contingente de analfabetos. As pessoas não acreditam que podem voltar ao mundo do conhecimento. Para alcançá-las são necessárias campanhas, mais recursos e uma gestão melhor”, acrescentou Daniel Cara.O ministro da Educação também avalia que a estagnação do analfabetismo em regiões como oSul e o Sudeste é “preocupante”. “Apesar de apresentarem umpercentual menor do que outras regiões, a estagnação preocupaporque, até mesmo pela questão demográfica, sem nenhum esforço degoverno, a taxa já deveria ter caído”, disse Haddad.A Pnad também constatou o analfabetismo entre as crianças em idade escolar, de 10 a 14 anos, que já deveriam ter aprendido a ler e escrever. Entre elas, o índice alcançou 2,8% do total de brasileiros nessa faixa etária. A redução é 0,3 ponto percentual em relação aos dados de 2007.No Nordeste, a taxa de analfabetismo entre as pessoas com mais de 15 anos (19,4%) é quase o dobro da média nacional. Segundo a Pnad, nessa região, o índice de crianças entre 10 e 14 anos que não sabem ler e escrever supera a taxa verificada no Sul e no Sudeste.Entretanto,foi também o Nordeste que registrou a maior queda no percentualde analfabetos: de 19,9% em 2007 para 19,4% em 2008. Na avaliação doministro, a redução é resultado do foco do programaBrasil Alfabetizado na região. “Hoje 80% [das ações] do programa estão noNordeste, por isso é natural que o analfabetismo tenha uma reduçãomaior lá. Isso ocorreu especialmente na faixa etária maior de 25anos, que é o público do programa”, ressaltou o ministro.