Em 2008, 10% de jovens com idade entre 5 e 17 anos trabalhavam no Brasil

18/09/2009 - 10h53

Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Uma em cada dezpessoas com idade entre 5 e 17 anos trabalhava no Brasil em 2008.Esse volume (10,2%), que totaliza 4,5 milhões de criançase adolescentes, manteve a tendência de queda, com reduçãode 0,7 ponto percentual em relação ao observado em2007. Desta forma, cerca de 400 mil trabalhadores infantis deixaramessa condição, de um ano para o outro.Os dados fazemparte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)relativa ao ano de 2008, divulgada hoje (18) pelo InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo,publicado anualmente, traz uma radiografia da situaçãoeconômica do país, com informações sobrepopulação, migração, educação,trabalho, família, domicílios e rendimentos.Paraa secretária executiva do Fórum Nacional de Prevençãoe Erradicação do Trabalho Infantil, Isa Maria deOliveira, a redução no número de trabalhadoresinfantis, no entanto, não representa um motivo de comemoração.Ela destaca que, principalmente, na faixa que vai dos 5 aos 13 anosqualquer tipo de trabalho é ilegal e pode comprometer odesenvolvimento de crianças e adolescentes.“Sãoreduções pouco expressivas, que vêm ocorrendo de formalenta e pouco significativas, muito aquém tanto do ponto devista da lei, já que até 14 anos toda forma de trabalhoé contra a lei, quanto do ponto de vista dos compromissosinternacionais que o Brasil assume. Até os 14 anos, a escolatem que ser prioritária e é dever do Estado e dasociedade assegurar esse direito, assim como o de brincar".É o caso da empregadadoméstica paraibana Socorro Vieira, que trabalhou naagricultura ajudando a mãe desde os 3 anos deidade. Hoje, aos 53, ela lamenta não ter tido oportunidade deestudar e brincar durante a infância e diz que se esforçapara garantir esse direito aos filhos e netos.“Eu nuncasoube o que é brincar. Desde que me entendo como pessoa, játrabalhava na roça com a minha mãe. E hoje, se forpreciso, deixo até de comer para que os meninos estudem esejam crianças, possam brincar. É o único jeitode melhorar um pouco as coisas para eles”, afirmou.Apesquisa revela também que a Região Nordeste continuaapresentando os piores indicadores nessa área. É ali que se concentram 12,3% dos trabalhadores infantis, cerca de1,7 milhão de pessoas. Por outro lado, foi também nessaregião que se observou a maior redução nacomparação com o ano anterior. Em 2007, essa parcela dapopulação ocupada somava 1,8 milhão de pessoas,o que representava 13,4% do total. Por outro lado, a Sudeste reuniu amenor proporção: 7,9%, totalizando 1,3 milhão depessoas.