Redução do compulsório deveria ser permanente, defende Gustavo Franco

17/09/2009 - 1h47

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Algumas medidas adotadas em tempo de crise devem permanecer neste período de pós-recessão, na opinião do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco. "Acho que algumas medidas podem ser permanentes", disse ele em entrevista coletiva após participar do 18º Congresso Brasileiro de Economia, em São Paulo.Entre essas medidas, Franco destacou a redução do compulsório dos bancos e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). "O compulsório deveria ser reduzido pois ainda é muito alto para qualquer padrão internacional".Para o ex-presidente do BC, a redução do compulsório não "é política monetária e sim fiscal". "Reduzindo o compulsório é possível reduzir o spread [diferença que fica com os bancos entre os juros que são pagos aos investidores e os que são cobrados dos empréstimos concedidos]" .Segundo ele, outra medida adotada pelo governo para combater o ciclo recessivo que poderia ser permanente é a redução do IPI, que ele classificou de "uma experiência interessante"."Nós vimos o quanto a redução de impostos pode ser estimulante para a economia. Devemos fazer mais, porém acredito que de forma mais generalizada", afirmou.Franco afirmou que apesar de o cenário pós-crise "estar surpreendendo positivamente", o país ainda deve ter calma. "A produção industrial ainda está abaixo do que era antes da crise. Ainda é cedo para fazer qualquer projeção sobre crescimento do PIB", afirmou.Franco disse também que o Banco Central não deve sofrer com a possível filiação partidária  e candidatura do atual presidente da instituição, Henrique Meirelles."A força da instituição é bem maior, ela prevalece sobre as pessoas. O que fica é o sistema", explicou.Segundo o ex-presidente do BC, Meirelles, assim como qualquer outro ocupante de cargo público, "tem o direito constitucional de se filiar a qualquer partido político"."Já deveríamos ter aprendido a lição de que ano eleitoral não é pretesto para a política fiscal descambar. Apenas acho pouco que a quarentena do BC seja de apenas quatro meses: na minha opinião, deveria ser maior".