Lula vai dar posse hoje, no Paraná, ao primeiro juiz cego do Brasil

17/09/2009 - 16h50

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa na noite de hoje (17), em Curitiba, da solenidade do 33º aniversário de instalação do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná, quando será confirmada a posse do desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, o primeiro juiz cego da história do  Brasil. “ É um momento auspicioso para a democracia brasileira, para o Judiciário, no qual a diversidade é respeitada.  É a realização de um sonho de 20 anos”, afirma o novo desembargador,  nomeado no último dia 16 de julho por Lula. Escolhido por meio de uma lista tríplice apresentada pelo tribunal, Fonseca recorda que já se passaram  20 anos desde  que foi impedido de participar de um  concurso na magistratura em São Paulo por causa de sua deficiência visual. Nesse período, construiu um extenso currículo. “Não pense que foi fácil", diz o desembargador, acrescentando que o ser humano tem a capacidade "divina de superar limitações e desenvolver métodos próprios para lidar com suas deficiências."Fonseca repete sua história sempre com entusiasmo, sem  disfarçar o orgulho que sente  por tudo que conquistou na vida. Casado e pai de duas filhas, ele conta que está se preparando para desempenhar as novas funções. “Estou montando minha equipe de assessores. Estou  sendo muito bem recebido."  As páginas de cada processo serão analisadas com o auxílio de assessores, que farão a leitura para que ele possa ouvir e julgar.  “Não aprendi  braille por ter perdido a visão já na fase adulta.”Fonseca tem 50 anos e nasceu em São Paulo, aos seis meses de gestação.  “Por causa do nascimento prematuro, tive sequelas, como a baixa visão e paralisia cerebral que afetou os membros inferiores. Apesar de tudo, consegui viver uma infância normal, estudei e brinquei muito nas ruas.”Para se preparar para o  vestibular, estudou ouvindo as perguntas gravadas e escrevendo as respostas. Ingressou no curso de direito do Largo São Francisco e quando estava no terceiro ano perdeu o pouco da visão que tinha. Depois, fez mestrado e doutorado. Em 1991, fez concurso para o Ministério Publico, em São Paulo, e obteve o sexto lugar entre 4,5 mil candidatos. No  MP, exerceu a função de procurador durante 18 anos.