Secretário comemora "tranquilidade na Bahia", depois dos ataques do tráfico

16/09/2009 - 19h17

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - “Estamos vivendo um clima de tranquilidade naBahia”, disse o secretário de Estado de Justiça eCidadania da Bahia, Nelson Pellegrino (PT) em depoimento hoje (16) àComissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da ViolênciaUrbana, ao comemorar, segundo ele, 100 horas sem os ataques a ônibuse às unidades policiais que vinham ocorrendo nas últimassemanas em Salvador. Pellegrino atribuiu os ataques a uma reaçãode traficantes contra a atitude do governo da Bahia de “nãofazer acordo com o crime organizado”. “Estamos vivendo um clima de tranquilidade. Emuma ação rápida da nossa Polícia Civil eda Polícia Militar, nós conseguimos não sóreprimir os ataques aos coletivos e aos módulos da polícia,mas também montar um esquema que deu tranquilidade ao cidadãode Salvador”, disse.O secretário disse ainda que a situaçãoestá totalmente sob controle e que o governo tem identificadoo clima de tranqüilidade por meio de interceptaçãotelefônica e de agentes infiltrados. No entanto ele nãodeu detalhes sobre que tipo de ligações estãosendo ouvidas ou em que espaços os agentes estãoagindo. “Trata-se de uma questão estratégica desegurança”, afirmou.Pellegrino contou a história da briga entre as facçõesde traficantes rivais na Bahia e voltou a afirmar que os ataquesforam ordenados indiretamente pelo traficando CláudioCampanha, herdeiro da facção que era comandada porEberson Souza Santos, conhecido como Piti, morto em agosto de 2007.Campanha foi transferido para o Presídio Federal de SegurançaMáxima de Campo Grande (MS) no dia 4 de setembro. No dia 7, osataques começaram.“A ordem não foi dada de forma direta.Nós chegamos a realizar a transferência de 15 presos,mas o processo já estava deflagrado, e vivemos um clima deguerrilha urbana em Salvador, onde os 'robôs', pessoasresponsáveis por executar as ordens, passaram a realizar osataques”, revelou.O secretário disse ainda que os ataques nacapital baiana não têm ligação com facçõescriminosas do Rio de Janeiro ou de São Paulo. “Nãoidentificamos uma conexão direta com os grupos de SãoPaulo ou do Rio de Janeiro. Trata-se de um processo interno deresistência”, disse. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), membro daCPI, questionou as explicações do secretário.“Nunca vi uma reação que não tenha comoresposta do governo, que é uma reação ao combateao crime organizado. Pode até ser que, na Bahia, essaexplicação seja verdadeira. A sua exposiçãomostra que talvez não exista um processo de inteligênciadentro das cadeias”, afirmou.Gabeira ainda considerou as situaçõesem que seria muito mais barato prevenir as rebeliões ereações. O deputado lembrou que chegou a sugerir aogoverno de São Paulo investimentos para melhorar as condiçõesdos presidiários na época dos ataques semelhantesorganizados pela facção Primeiro Comando da Capital(PCC). “Os presos passaram duas semanas reclamando decomida estragada. Com R$ 5 mil se resolvia essa parada. Aí elequeimaram tudo, e perdemos R$ 32 mil. Chamamos o secretárioaqui [na CPI] sem nenhuma preocupação de críticaou de não crítica. Sabemos que ainda é umasituação difícil”, disse Gabeira.Pellegrino revelou que pretende transformar ospresídios da capital baiana em uma área demonitoramento permanente e criar um setor de inteligênciaprisional. “Precisamos desse monitoramento permanente dos presídiosporque, hoje, temos apenas uma leitura de fora para dentro”,afirmou.