Brasil deve manter gasto em investimentos e custeio e menos em juros, diz pesquisador do Ipea

15/09/2009 - 18h56

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil, diante dos sinais de retomada daeconomia, tem que manter a atual política de aumentar adespesa com investimentos e custeio, diminuindo o pagamento de jurose ignorando os que sugerem a diminuição dos gastospúblicos. A análise é do pesquisadordo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), JoséCelso Cardoso. De acordo com ele, apesar da polêmica sobre os altos gastos do governo com pagamento de pessoal e a transferênciade renda, essa é uma boa forma de aumentar a arrecadaçãoe fazer o dinheiro movimentar a economia. “Os gastos correntes [do país]estão muito concentrados na população maispobre. Os dois terços mais pobres da populaçãosão pessoas que praticamente não têm poder depoupança, consomem toda a sua renda. Por outro lado, aestrutura tributária brasileira é perversa porque [cobra]mais impostos dos mais pobres. Então, se os gastos correntessão muito criticados, por outro lado, se você transfererenda para os mais pobres, você aumenta a arrecadação”,afirmou. Ainda segundo Cardoso, essa lógica éque tem ajudado o país a sair da crise mais rapidamente. Opesquisador ressaltou ainda que o Brasil trabalha com um superavitprimário, enquanto outros países falam em aumentar odeficit público para estimular suas economias. “O Brasil, em termos fiscais, ainda tem umamargem de manobra para acionar em caso de crise. Basta contar com acompreensão das autoridades para mudar a composiçãodo gasto público. O gasto ainda está muito concentradoem pagamento de juros em detrimento dos investimentos e custeio”,disse.José Celso Cardoso lançou hoje (15),na sede do Ipea em Brasília, o livro Brasil emDesenvolvimento: Estado, Planejamento e Políticas Públicas.