Faculdades responsabilizam alunos por suspensão de vestibular em cursos de pedagogia

14/09/2009 - 21h05

Da Agência Brasil

Brasília - Das dez faculdades que tiveram hoje (14) o vestibular do curso de pedagogia suspenso pelo Ministério da Educação (MEC), quatro responsabilizam o baixo nível dos alunos ingressantes pelo resultado insuficiente nas avaliações. Uma das instituições critica o exame aplicado pelo MEC. “A faculdade se acostumou à pouca bagagem dos alunos efez um curso mais fácil para eles acompanharem”, afirmou BeneditoPimentel, presidente da mantenedora da Faculdade de Filosofia, Ciênciase Letras Carlos Queiroz (SP). A alegação para os resultados ruins obtidos nos exames, segundo Pimentel, é da direção do curso. Segundo ele, a mantenedora já estáprogramando alterações no currículo.As Instituições Faculdades Integradas de Cassilândia (MS) e Faculdades Integradas Diamantino (MT) afirmaram que estão respondendo às solicitações dos relatórios do MEC - referentes aos resultados do Enade de 2005 - e que devem enviar à Secretaria de Ensino Superior (Sesu) um documento apontando as modificações feitas.O diretor-geral acadêmico das Faculdades Integradas Diamantino, Geraldo Magela, afirmou que a faculdade assumiu o compromisso de fazer mudanças no curso, mas que o prazo para essas alterações terminou em meados deste ano, depois do Enade 2008. Entre os compromissos assumidos estão contratar mestres e doutores, mudar a grade curricular e promover atividades para nivelar os alunos que ingressam. “Temos um problema de eficiência, estamos no interior de Mato Grosso, temos alunos que saíram há muito tempo do ensino médio e outros que não saíram do ensino médio com os requisitos para o ingresso no ensino superior”, afirmou.O diretor acadêmico adjunto das Faculdades Integradas de Cassilândia (MS), Niwton Drey Donaire, disse que ainda não houve tempo para que as mudanças realizadas pela faculdade depois do Enade 2005 surtissem efeito. De acordo com Donaire, o curso estava defasado por falta de professores e de bibliografia adequada. “Na nossa região, o aluno vem de uma educação não muito forte, tivemos que dar subsídio ao aluno para começar o be-a-bá do curso.” Uma das adaptações propostas pelo MEC e já implantada, segundo Donaire, foi o curso de nivelamento para que os alunos reforçassem seus conhecimentos em matemática e português. Para a coordenadora-geral acadêmica da Faculdade Jesus Maria José (DF), Eldy Fagundes Camelo Mendes, os resultados “não dependem só da instituição, dependem também do aluno”. Segundo ela, a avaliação aplicada pelo MEC está denegrindo a instituição de ensino superior privada para "defender" uma educação básica cuja estrutura é falha. Eldy afirma que a faculdade assinou um termo de saneamento, em relação à nota do Enade de 2005, entregou o relatório final em 2009 e solicitou a visita do MEC, mas, segundo ela, ainda não obteve resposta do ministério. O vice-diretor da Faculdade de Jandaia do Sul (PR), Dirceu Cléber Conde, reclamou do exame do ministério. “Toda avaliação do MEC é irregular”, afirmou. Segundo o vice-diretor, o Enade realizado em 2005 feriu a legislação que exige que os cursos sejam avaliados segundo diretrizes curriculares nacionais. As diretrizes para pedagogia, segundo Conde, foram definidas em maio de 2006. Para ele, as notas baixas no Enade se devem ao fato de que as questões foram elaboradas com base em uma formação que os estudantes não tiveram. Conde também alegou que a faculdade recebeu a visita dos fiscais do MEC, mas não recebeu um documento que detalhasse o que deveria ser modificado. Ainda segundo ele, no relatório detalhado do ministério, preenchido pela instituição, faltava o número de mestres e professores em tempo integral, informado pela faculdade. “A nota do Enade não foi consolidada o suficiente para ter essa medida [suspensão de vestibular]”, alegou Conde.As instituições têm até o dia 18 de setembro para recorrer da nota do Enade 2008. A Faculdade de Jandaia do Sul (PR) deve recorrer da nota do Enade até quarta-feira (16), segundo o vice-diretor. A faculdade estuda entrar com uma ação contra a União por danos morais, por não ter recebido o relatório que propõe as mudanças que devem ser realizadas. A Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC afirma que a medida cautelar foi uma providência necessária, uma vez que não seria possível esperar até o dia 18. A Sesu afirmou ainda que a nota do Enade não foi o único elemento considerado para a suspensão dos vestibulares. Os cursos estavam sob supervisão do MEC por terem obtido resultados insatisfatórios no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) de 2005. Além disso, esses cursos apresentaram resultados 1 ou 2 no Conceito Preliminar de Curso (CPC) e no indicador de diferença entre desempenhos observados e esperado (IDD) de 2008. No Enade de 2008 os dez cursos voltaram a obter conceito inferior a 3. As Faculdades Instituto de Ciências Sociais e Humanas (GO), Faculdades Integradas de Paranaíba (MS) e Faculdade de Ilha Solteira (SP) foram procuradas durante a tarde, mas alegaram que não havia coordenadores que pudessem atender à reportagem. As instituições Faculdades Integradas da Terra de Brasília (DF) e Faculdades Integradas de Naviraí (MS), procuradas por telefone, não atenderam as ligações.