Tecnologia móvel é usada para mapear comunidades carentes do Rio de Janeiro

13/09/2009 - 18h25

Thaís Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Vistas doalto, elas geralmente parecem um borrão espremido no meio damata, mas para os moradores, acostumados a percorrer ruas,vielas e becos, as favelas têmcaracterísticas que vão além do aglomerado humano, que ocupa, principalmente, as encostas dosmorros cariocas.Para tornar mais visível à sociedade os locais de interesse públicodessas comunidades, o projeto Wikimapa está fazendo o mapeamento virtual de espaços como hospitais, escolas, estabelecimentos comerciais, organizações nãogovernamentais, praças, instituições culturais,entre outros.Todosesses serviços, presentes no dia a dia da comunidade, poderão ser encontrados em mapas na internet. O Wikimapa utiliza recursos da tecnologiamóvel, de GPS (Global Positioning System) e os serviçosdo Google Maps.De acordocom Patrícia Azevedo, coordenadora do programa Rede Jovem,responsável pelo projeto, a iniciativa é promovida emparceria com os próprios moradores. Para isso, foramescolhidos cinco estudantes de cada comunidade que integra estaprimeira fase: Complexo do Alemão, Cidade de Deus, Morro doPavão-Pavãozinho, Morro Santa Marta e Complexo daMaré.Munidosde celular equipado com o aplicativo do Wikimapa,GPS, internet e câmeras de foto e vídeo, cada um dos moradores que leva o equipamento éresponsável pelo mapeamento local, inserindo informaçõessobre serviços oferecidos e locais de frequênciapública, com dados históricos e fotos. Para estimular aparticipação do grupo, os cinco selecionados concorremem uma gincana. Até o fim deste ano, quem tiver conseguidoincluir o maior número de itens e com melhor qualidade deinformação será contemplado com uma bolsa deestudos para um curso superior de comunicação.“Observandoos mapas virtuais existentes, verificamos que muitos detalhes dascomunidades carentes ficavam de fora. Há ruas, por exemplo,que são bastante comuns, conhecidas e utilizadas pelosmoradores, mas não têm qualquer cadastro na prefeitura enão são identificadas nos mapas. Com esse novo olharsobre as comunidades, nosso objetivo é reduzir a exclusãoe a segregação em que elas vivem, fortalecendo asreferências locais”, explicou.Aestudante Rafaela Gonçalves da Silva, de 22 anos, moradora dacomunidade Dona Marta, na zona sul do Rio, conta que, desde quecomeçou a participar do projeto, procura conhecer os locaisque vai cadastrar, conversa com os responsáveis para obter informações precisas e as inclui no mapavirtual, com fotos e referências.“Éuma oportunidade que temos de mostrar para o mundo que na nossacomunidade existem muitas coisas boas. Com esse mapeamento, nós,moradores, passamos a conhecer melhor o lugar onde vivemos, e quem éde fora, também. Tenho muito orgulho disso”, afirmou a estudante.Apossibilidade de incluir dados no mapa não estárestrita aos cinco participantes. Interessados de qualquer parte doBrasil e do mundo, com ou sem celular equipado com GPS e conexãoà internet, podem participar do Wikimapa mapeando novos locaise editando pontos já mapeados, em qualquer que seja suavizinhança. O download do aplicativo pode ser realizadogratuitamente pelo site do projeto (www.wikimapa.org.br), que conta,também, com uma versão para celular.