Representante dos moradores da Cidade dos Meninos quer diálogo com autoridades

12/09/2009 - 18h19

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Com a recomendação dedesocupação imediata de toda a área da Cidade dos Meninos, osmoradores discutem não só a indenização, mas também para ondeirão. Muitos, como Zeni Ferreira, primeira conselheira executiva daassociação local de moradores, expõe a questão com firmeza.“Tenho 39 anos enasci na Cidade dos Meninos. Tem gente aqui bem mais antiga do queeu, e estamos todos sem solução. Dizem que nós temos que sairdaqui, mas não se sentam para conversar e ouvir o que temos a dizer.Tem quem diga que não temos direito a nada. Queremos ser ouvidos”.Zeni conta queatualmente moram ali cerca de 500 famílias, o que pode alcançar umtotal estimado de 1700 a 2000 pessoas, vivendo nos pavilhões, nasescolas, em casas e barracos levantados no terreno. Grande parte dosmoradores são aposentados de órgãos do governo ainda existentes oujá extintos, mas há também empregados na construção civil, nocomércio e na incipiente produção agrícola e pecuáriacontaminada – além, obviamente, dos desempregados.“Todo mundo que viveaqui está contaminado, mas não é doente. A contaminação pelo HCHfica na gordura dentro da gente e dos animais, mas todo mundo levavida normal. Você ouve uma tosse ou uma queixa de dor da mesmamaneira que em qualquer lugar”, ela diz.Professora do ensinomédio, Zeni explica que na época da fábrica de HCH muita genteveio de fora, contratada pelo governo federal. Seu avô é umexemplo: trocou o Ceará pela Baixada Fluminense na década de 40 eviveu ali até a morte.“Quando ele veio,deram uma casinha para morar, como fizeram com muitos. Como essagente e os descendentes vão ficar, saindo daqui?” indaga,refletindo a preocupação de muitos dos associados. Mas Oscar Berronão admite o argumento.“Eu trabalho há 34anos na Fundação Oswaldo Cruz e não ganhei casa nenhuma. Isso nãoé justificativa para se opor à remoção. Se eu tivesse um filho,ou minha mãe morasse lá, a primeira coisa que ia querer é tirareles de lá. Não ia pensar em indenização nem onde ia morar”.A saída, segundo ele,pode estar próxima: no mês que vem acontecerão as conferênciasmunicipais e estaduais para tratar da questão ambiental na saúde,que precederão a conferência nacional em Brasília, em novembro. ACidade dos Meninos estará na pauta de Duque de Caxias e do Rio deJaneiro.