Professor diz que Brasil enfrentou a crise com mais facilidade que outros países

12/09/2009 - 1h13

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A baixa exposiçãoao crédito, o saneamento do sistema financeiro, o acúmulode reservas em moedas estrangeiras e o ajuste fiscal realizado nosúltimos anos tornaram a economia brasileira menos exposta àcrise financeira internacional, e “isso ajudou o Brasil a enfrentara crise com mais facilidade do que outros países”.Aafirmação é do professor de economia AlcidesLeite, da Trevisan Escola de Negócios, ao comentar que oBrasil atravessou este um ano de crise financeira internacional emmelhores condições porque a adoção dosistema de metas e de câmbio flutuante, além da Lei deResponsabilidade Fiscal, foram de suma importância para aarrumação da economia doméstica.Segundoele, “o sistema de metas de inflação contribuiu parao controle do processo inflacionário e o sistema de câmbioflutuante permitiu o ajuste natural do balanço de pagamento,quando houve a valorização do dólar durante acrise [a cotação atingiu pico de R$ 2,519 em 4 dedezembro de 2008]. Importante lembrar também o ajusteproporcionado pela Lei de Responsabilidade Fiscal”.Especialistaem economia internacional, Alcides Leite disse que a trajetóriada economia brasileira durante a crise, comparada à dos demais países,“reforçou a percepção externa de solidez edinamismo da nossa economia”. Como resultado, disse que issofortaleceu o fluxo de investimentos estrangeiros diretos, de abrilpara cá, principalmente, com consequente desvalorizaçãodo dólar ante o real.O professor da Trevisan Escola deNegócios destaca que “a partir de agora é importanteacompanhar com atenção o desempenho das contas públicaspara que a expansão dos gastos no período da crise nãocomprometa a estabilidade fiscal”. Mas acredita que o afrouxamentofiscal pode ser revertido, desde que o superavit primário[economia que o governo faz para honrar compromissos financeiros] fique acima de 3% ao ano eque a dívida líquida pública nãoultrapasse 40% do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezasproduzidas no país.Alcides Leite acha que a reduçãodo custo de financiamento da dívida interna, atualmenteatrelada em sua maioria à taxa básica de juros (Selic),“pode dar alguma folga fiscal”. Ressalta, porém, anecessidade de o país aumentar o volume de investimentos paraalgo em torno de 25% do PIB, pois só assim serápossível sustentar um crescimento econômico superior a5% ao ano, por longo período, e sem comprometer as metas deinflação.