Família atingida por tornado aposta na música para dar a volta por cima

12/09/2009 - 11h32

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Guaraciaba (SC) - O tornado que atingiu municípios do extremo-oeste de Santa Catarina na noite da última segunda-feira (7) deixou milhares de desabrigados, centenas de feridos e provocou quatro mortes, uma das quais na família Lazzari, da linha Sede Flores, interior de Guaraciaba. A matriarca da família, Judite Lazzari, morreu aos 86 anos, depois de ter a casa destruída e ser arremessada a mais de 50 metros de distância pela força do vento.A família estava ontem (11) reunida no que já foi uma próspera propriedade – com galpão, plantação e açude – tentando recolher o que restou de valor em meio aos destroços e decidindo o que fazer daqui para frente.Para Danilo Lazzari, um dos filhos da nona Judite, só resta uma esperança para reconquistar o que o vento levou em poucos minutos: voltar à estrada com o velho ônibus da banda Novo Embalo. Formado por membros da família, o grupo é a única chance para arrecadar dinheiro, até que a propriedade recomece a produzir.“Esta semana a gente não tem como tocar. Mas precisamos continuar. Vamos ajeitar o ônibus para a banda poder sair e garantirmos o nosso ganha-pão”, disse Danilo. Ele trabalha na produção do conjunto, que faz shows pelo interior de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e até já se apresentou no Paraguai.O veículo fica estacionado um pouco abaixo, na propriedade do irmão de Danilo, Ivo Lazzari, que também atua na produção. Como ambas as casas foram destruídas, o ônibus acabou virando o único abrigo contra o frio e a chuva que não dão trégua há vários dias. Em seu interior, quatro beliches que antes serviam para acomodar os músicos em suas turnês agora acomodam toda a família.Sem reclamar da falta de conforto, Nilva Lazzari, esposa de Ivo, dá graças a Deus pela proteção improvisada. “Se não fosse por esse abrigo, eu não sei o que seria de nós. Foi uma dor muito grande, porque nós tivemos duas feridas: uma a perda de tudo e a outra a perda da nossa avó. Quem nos salvou foi Nossa Senhora”, desabafou Nilva, apontando para a imagem da santa dentro do ônibus.Ao lado do veículo, só restou o palco onde a banda ensaiava e que antes era coberto por um galpão. Sem esconder a tristeza pela morte da mãe, Ivo garante que é só questão de tempo para a banda voltar às apresentações: “Vamos deixar baixar um pouco a poeira. Porque mentalmente a turma está abalada. Mas qualquer dia a gente vai pegar a estrada de novo. O show não pode parar”.