Entidades criticam possibilidade de venda de automóveis movidos a diesel

12/09/2009 - 12h35

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aliberação de carros movidos a diesel seria umretrocesso e colocaria em risco a saúde de milhares de pessoaspor causa do aumento dos níveis de poluição, deacordo com ambientalistas e representantes da sociedade civil.Proibidos desde o fim da década de 1970, os automóveisde passeio a diesel poderão voltar a ser comercializados noBrasil, de acordo com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

“Seessa ideia vingar, vai ser um crime. Morrem quase 2 mil pessoaspor ano somente na cidade de São Paulo por causa da poluição.O diesel brasileiro é um dos piores [mais poluentes] domundo. Vai ser um homicídio em massa”, afirmou Oded Grajew,um dos criadores do Movimento Nossa São Paulo, rede com maisde 600 entidades da sociedade civilSegundo Grajew, com osatuais motores e o diesel atualmente utilizado no Brasil – quechega a ter 1.800 partes por milhão (ppm) de enxofre – amedida seria uma catástrofe, porque o combustível émuito mais poluente que a gasolina e o etanol.

“Nãosomos contra o carro a diesel como conceito, mas contra o carro adiesel com a tecnologia de motores e combustíveis que existehoje no Brasil”, avalia. Na Europa, onde a frota a dieselcorresponde a cerca de metade do mercado, a concentraçãode enxofre no combustível é de 10 ppm e os motores têmtecnologias para reduzir emissões.

Osambientalistas também são contrários àmedida. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que a ideia“não é especialmente brilhante” e que defendecombustíveis menos poluentes, como o etanol. De acordo comcoordenador da campanha de clima do Greenpeace Brasil, JoãoTalocchi, a possibilidade de voltar a comercializar veículos adiesel vai na contramão dos esforços mundias pararedução das emissões de poluentes e de gases deefeito estufa.

“Éuma volta ao passado. Ao invés de apoiar essa tecnologiaantiquada, esse dinheiro poderia ser investido em tecnologia paracarros elétricos, motores híbridos”, sugere.

Talocchiacredita que a motivação para medida éeconômica, principalmente diante da perspectiva de aumento daprodução brasileira de petróleo com a exploraçãoda camada pré-sal.

“OBrasil quer saber o que fazer com todo esse óleo, como usaráo ouro negro que pretende extrair da camada pré-sal”,avalia.