Voluntários trabalham sem folga para ajudar vítimas do tornado em Santa Catarina

11/09/2009 - 19h13

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Guaraciaba (SC) - Em Guaraciaba, imediatamente após o tornado, entre a noite de segunda-feira (8) e a madrugada de terça-feira (9), começou um mutirão de ajuda entre vizinhos. No meio da noite, sem energia elétrica e em meio aos relâmpagos, quem não teve a casa atingida correu para ajudar os outros.Neivor Silveira contabilizou a perda do telhado e de 20 porcos, mas como a família estava em segurança, foi um dos que formaram o mutirão para ajudar a vizinhança. “Quanto mais andava a situação que eu via piorava. Tentamos resgatar a menina [Ana Paula Terci, 9 anos, que morreu], mas já tinham retirado [o corpo] dela. Aí fomos em busca da nona (avó, em italiano, Judite Lazzari, 86 anos) e quando chegamos lá, já estava morta, atirada pelo vento a 50 metros da casa”, disse ele, que se prontificou a cuidar do que restou da casa de outro vizinho, levado para um hospital da região.Pelas estradas do município, veículos do Corpo de Bombeiros, da polícia e caminhões do Exércitocirculam de um lado para outro, levando ajuda para os desabrigados. Também é comum encontrar as pessoas carregando madeiras e outras consertando o telhado de suas casas.Um grupo de motoqueiros acostumados a fazer trilhas pela região presta ajuda, levando informações para as equipes de socorro. "Nós decidimos não abrir a loja e partimos para o interior do município, pois conhecemos bem as estradas. Tinha muita árvore caída e havia gente que nem sabia direito o que tinha acontecido", contou o jovem Willian Perondi, de 18 anos, que pratica trilha e trabalha como técnico de informática em uma loja do centro.Enquanto uns lutam contra a desordem, outros se dispõem a acolher os desabrigados, como a professora de ensino infantil Marilene Land. Como a escola onde ela leciona também foi atingida e as aulas estão suspensas, ela decidiu se juntar aos voluntários no trabalho de ajuda a quem perdeu tudo.“Não tendo o meu local de trabalho, eu me desloquei para cá para dar força e coragem às pessoas. É cansativo. O meu sentimento ao voltar para casa é de dó. Eles pederam tudo, mas a gente também teve perdas, o lado emocional está abalado”, disse Marilene, que passa 14 horas por dia tentando ajudar as famílias, organizando o abrigo montado na Igreja do Caravaggio.Ela é ajudada pela adolescente Cinthia Borsatto, de 16 anos. “O que nos move é a força de vontade. Nós também tivemos prejuízos, mas não se compara com essas famílias. É um sentimento de solidariedade. Essa lição eu vou levar para a vida inteira”, afirmou.