Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os resultados positivosdo Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, divulgados hoje(11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),demonstram que o Brasil saiu da recessão técnica provocada pelacrise econômica mundial por causa das medidas anticíclicas adotadaspelo governo, como injeção de crédito no mercado, redução dataxa de juros e aumento dos gastos públicos. Essa foi a avaliaçãofeita pelo professor Antônio Corrêa Lacerda, do Departamento deEconomia da PUC de São Paulo.Segundo ele, ocrescimento de 1,9% do PIB proporciona ao Brasil um destaque emrelação a países como China e Rússia, que registraram queda de10% em sua economia. “Esses números devem consolidar o Brasilcomo país em desenvolvimento e crescimento. Acredito que estecenário indique crescimento para os próximos trimestres.”Em relação aocrescimento de 2,1% registrado pela indústria, Lacerda destacou queesse é o setor mais afetado pela crise, fazendo com que o nívelfique em patamar muito baixo. “A indústria está se recuperandogradualmente. Se o governo não deixar o câmbio cair, manter osjuros em queda e continuar cedendo crédito, o setor continuará serecuperando”.Para Lacerda as liçõesdeixadas pela crise para o Brasil são as de que o mercado interno émuito importante e faz diferença, porque quando ele é forte o paísnão precisa depender exclusivamente das exportações. “Alémdisso, a crise evidenciou a importância dos bancos públicos, como oBNDES. E mostrou que as empresas brasileiras pensam no médio e longoprazos, porque mantiveram seus planos”. Lacerda enfatizou que ogoverno precisa continuar reduzindo os juros para criar um ambientefavorável à produção e ao comércio.De acordo com o diretordo MBA da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), Tharcisio SouzaSantos, o resultado do PIB do segundo trimestre é uma surpresaagradável, mas a economia do país já demonstrava desde o final deabril que o pior momento da crise estava se afastando. “A retomadaforte da indústria, que foi severamente afetada, mostra que a criseficou para trás e a indústria vai paulatinamente voltar aos padrõesde crescimento.”Para Santos, o que acrise deixa para o Brasil é a lição de que o país conseguiuretomar o crescimento mais depressa do que outros e foi menos afetadograças à solidez dos fundamentos macroeconômicos, ao sistema demetas de inflação, ao volume de reservas financeiras e à políticamonetária do Banco Central.“Quando há umapolítica continuada, o país caminha para resultados e sofre menos.A rapidez com a qual o governo reagiu ao pior momento da crise ajudoubastante. O sistema bancário brasileiro também fez papel importantepara não contaminar a economia. O setor financeiro do país é muitoforte e foi uma ferramenta fundamental para que as coisas nãodesandassem.”Sobre a política dejuros do país, ele ressaltou que o Banco Central fez uma paradatécnica para ver como a economia se comporta. Para ele, não hápossibilidade de a inflação voltar a patamares assustadores. “Ataxa deve se manter baixa por mais tempo, pelo menos durante todo oano de 2010, e existe espaço para mais queda [dos juros].