Crescimento do PIB mostra retomada da economia brasileira, segundo economistas

11/09/2009 - 17h42

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O crescimento de 1,9% registrado no segundo trimestre deste ano no Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma das riquezas produzidas no país, é uma sinalização positiva porque mostra a aceleração da atividade e a saída da economia brasileira da recessão técnica, avaliou hoje (11) o economista chefe da MB Associados, Sergio Vale. “Mesmo o número de queda (-1,2%) obtido  na comparação com o segundo trimestre do ano passado não deixa de ser positivo”. Ele lembrou que  o PIB já havia tido uma forte queda no primeiro trimestre (-1,8%) em relação aos três primeiros meses do ano passado.

 Por isso, afirmou Vale, a queda foi menor agora, no segundo trimestre. “E tende a virar, eventualmente, um número até positivo no terceiro trimestre deste ano”. De modo geral, o resultado do PIB dá uma sinalização positiva daqui para a frente, disse Vale. A expectativa, acrescentou, é que o país ainda tenha um terceiro trimestre complicado, por conta do desempenho das exportações e dos investimentos. Mas para o quarto trimestre o economista espera um número ´”bastante positivo”.

Segundo ele, isso traz a perspectiva de crescimento para este ano próximo a 0%. “Esse crescimento de 0,2% que a gente está esperando, no final, quando se compara com o resto do mundo,  significa um resultado muito bom. Porque o mundo inteiro está com uma queda muito forte e 0,2% de crescimento  este ano é bastante razoável”. No final, a grande sinalização é para 2010. Vale acredita que o PIB no próximo ano  terá um  crescimento de 4% de piso, podendo chegar mais  próximo de 5%.

Já o chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Samuel de Abreu Pessoa,  considerou que o resultado do PIB foi muito positivo, mas ficou dentro do nível previsto pelo mercado, que era de 1,7%. “O número acabou sendo um pouco melhor do que se esperava.Houve uma recuperação forte das exportações e o final do ciclo de estoques na indústria.”

Pessoa estimou que o PIB de 2009 ficará em torno de 0%. Já para 2010, ele não hesitou em prever 5% de crescimento para o PIB. “Pode repetir 2008”. Explicou, entretanto, que a projeção de 5% se deve  a um “carregamento” (carry over ou efeito estatístico que mede o crescimento de um ano para outro) grande de 2% de 2009 para o ano que vem.

“Quando o PIB está crescendo, você tem para o ano seguinte sempre um carregamento positivo. Quando o PIB sofre uma pancada  dura, como aconteceu em outubro, novembro  e dezembro do ano passado, o carregamento é negativo, porque estava subindo no início do ano e, no final, desceu."

 Como o carregamento de 2008 para 2009 foi negativo, o economista da FGV avaliou que o crescimento de 0% projetado para este ano não é ruim. Afirmou que o crescimento zero reflete o “soco na cara que a economia brasileira recebeu em setembro do ano passado”, devido à crise financeira internacional. Disse, porém, que a economia está retomando o crescimento. “Tem muito espaço para retomar ainda”.

 Pessoa alertou que mesmo na hipótese de a economia brasileira crescer 5% em 2010, isso não significa que a indústria nacional estará operando a plena capacidade. “O nível de utilização da indústria ainda vai estar relativamente baixo”. A retomada, contudo, já começou no segundo trimestre. “Este dado que foi divulgado hoje pelo IBGE é o primeiro dado de retomada”. Segundo o economista da FGV, dá para dizer que foi uma crise em formato V que atingiu o Brasil. E o país “já começa a sair do buraco”.