Ministro dinamarquês pede mais esforço dos países emergentes na redução de emissões

10/09/2009 - 17h37

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Em reunião em São Paulo com representantes da indústria paulista, o ministro do Meio Ambiente da Dinamarca, Troels Poulsen, voltou a pedir mais empenho dos países em desenvolvimento na redução das emissões de carbono. Poulsen ressaltou que o Brasil deve se preocupar principalmente com o desmatamento de suas florestas. Em dezembro, a Dinamarca irá sediar um encontro da Organização das Nações Unidas (ONU) que deve consolidar um novo acordo climático global que vai vigorar após 2012, quando termina o primeiro período do protocolo de Quioto.“Muitos países em desenvolvimento gostariam de fazer mais. E nós, claro, estamos discutindo como nós podemos fazer um acordo global em Copenhague. O Brasil deve assegurar boas condições para suas florestas. Eu acho que isso é um tópico objetivo muito necessário a ser preenchido, o desmatamento realmente é um problema mundial”, disse.O ministro dinamarquês, no entanto, elogiou o desempenho brasileiro em relação ao uso de fontes energéticas renováveis e disse não ver problema no aumento da produção brasileira de petróleo.  “Na Dinamarca, nós também temos uma indústria de petróleo. Nós mostramos nos últimos 25 anos que é possível ter um  grande crescimento econômico e também proteger o meio ambiente. Então, não há uma contradição entre petróleo e a proteção do meio ambiente. Eu tenho certeza que vai ser possível fazer isso no Brasil também”, ressaltou.O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), João Guilherme Ometto, presente no encontro, disse que a entidade ainda não tem claro qual meta de redução de emissão de carbono é a mais viável ao Brasil. No entanto, ele afirmou que o país não deve “pagar o pato” dos problemas climáticos do mundo, mas também não deve se "misturar com China e Índia, porque esses países vão ter de fazer esforços enormes em termos de mudança de matriz energética". “Nós já fizemos o nosso dever de casa aqui criando uma matriz energética limpa. Nós já fizemos nossas grandes hidrelétricas. A gente sente que é uma negociação comercial. Os países desenvolvidos, que desde o século 19 poluem e encheram de carbono a atmosfera, eles têm de deixar que nós continuemos o nosso desenvolvimento”, afirmou.O diretor de Energia da Fiesp, Carlos Cavalcanti, questionou a postura dos países desenvolvidos nos debates que antecedem o encontro de Copenhague. Para ele, as negociações sobre o clima contêm fortes componentes econômicos.“Por que vocês estão tão preocupados com o clima se existem tantas barreiras comerciais para a utilização do etanol?”, questionou Cavalvanti, repetindo aos jornalistas o que havia perguntado ao ministro dinamarquês. “E a resposta é que nós precisamos discutir um acordo comercial, que abra a possibilidade para a exportação de etanol. No entanto, foi falado com todas as letras: nós precisamos ganhar mercado em outras coisas no Brasil e no Mercosul”, afirmou Cavalcanti.Segundo o analista de mudanças climáticas da Fiesp, Marco Antonio Fujihara, o Brasil hoje é o único país do mundo que usa 46% de energia renovável e 54% de não renovável. A média mundial é de, respectivamente, 12% e 88%.