Governo lança plano para frear desmatamento no Cerrado

10/09/2009 - 14h40

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governolançou hoje (10) um plano para combate ao desmatamento doCerrado, que até 2011 pretende frear o ritmo de devastaçãodo bioma, que já perdeu 48,2% da vegetaçãooriginal – quase um milhão de quilômetros quadrados(km²). Somente nos últimos seis anos, o desmatamentoatingiu 127 mil km² do Cerrado, de acordo com dados divulgadoshoje (10) pelo Ministério do Meio Ambiente.

O atualritmo de devastação do Cerrado é de cerca de 20mil km² por ano – o dobro do da Amazônia, que este ano deveregistrar desmatamento inferior a 10 mil km².

Osnúmeros são do monitoramento por satélite queanalisou imagens de 2002 a 2008 e mostra o avanço do desmatena região, pressionado pela expansão das lavouras decana-de-açúcar, soja, pecuária e pela produçãode carvão.

“Osdados mostram realidade muito cruel. Hoje em dia se desmata no Cerrado o dobro do que se desmata na Amazônia.Não queremos que o Cerrado de hoje vire a Mata Atlântica”,comparou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

A Mata Atlântica percorria o litoral brasileiro deponta a ponta e se estendia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul,  ocupando 1,3 milhão de quilômetros quadrados. Atualmente restam apenas 20% de sua extensão original

O governolistou os 60 municípios que, juntos, foram responsáveispor um terço do desmatamento no bioma entre 2002 e 2008 e queserão alvos prioritários das ações defiscalização e controle.

De acordocom o levantamento, o desmate recente no Cerrado estáconcentrado no oeste da Bahia – na divisa com Goiás e Tocantins – e no norte de Mato Grosso. As áreas coincidemcom as regiões produtoras de grãos e de carvão.

Adevastação do Cerrado também ameaça aoferta de recursos hídricos do país. Considerado “acaixa dá água do Brasil”, o bioma concentra asnascentes das bacias hidrográficas do São FranciscoAraguaia-Tocantins e do Paraná-Paraguai.

“Sevocê desmatar mais essas bacias, vai ter menos água,menos energia renovável, menos hidrelétricas. Nãoestamos preocupados apenas com os bichinhos, com a biodiversidade,estamos preocupados com o desenvolvimento do Brasil”, disse Minc.

Alémdas ações de repressão, o Plano de Açãopara Prevenção e Controle do Desmatamento do Cerrado(PPCerrado) prevê medidas de ordenamento territorial, criaçãode unidades de conservação e implementaçãode planos de bacias. A previsão orçamentáriapara o plano até 2011 é de R$ 400 milhões.

SegundoMinc, a resistência de ruralistas para reduzir o desmatamentono Cerrado vai ser maior que a enfrentada pela área ambientalna Amazônia. “A briga vai ser maior: a gritaria vai sermaior, porque no Cerrado as atividades econômicas estãomuito mais consolidadas. A guerra vai ser muito mais difícildo que a outra, que já não é mole”, aposta.

Amanhã(11), o ministro participa de uma operação do InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis(Ibama) para fechar fornos ilegais de carvão no Cerrado. O plano vai estar em consulta pública a partir de hoje na página do Ministério do Meio Ambiente na internet.