Periferias pobres foram os lugares menos afetados pela crise financeira, diz FGV

09/09/2009 - 18h28

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A crise financeira internacional “não afetou o bolso do brasileirocomum”. A avaliação consta de pesquisa divulgada hoje (9) pela FundaçãoGetulio Vargas (FGV), mostrando que as classes sociais mais pobres nopaís foram as menos impactadas na renda pelas turbulências econômicas iniciadas há um ano.Por outro lado, até julho deste ano, integrantes das classes E e D engrossaram a classe média e ajudaram o país a retomar a economia.“Acrise não afetou muito o bolso do brasileiro, e as periferias foram oslugares menos afetados, o que não aconteceu na crise do final da décadade 1990”, afirmou o economista responsável pela pesquisa, Marcelo Neri. Para ele, a classe média “tirou o país da recessão” ao aquecer oconsumo. “O brasileiro empatou com a crise. Em janeiro, devido ao desemprego, houve uma perda, mas esse efeito já foi revertido”. Segundo a pesquisa da FGV, em relação à julho de 2008 as camadas A e B (renda acima de R$ 4,8 mil) que representam 15% da população estavam apenas 0,5% menor, em julho desteano. Dessa maneira, contribuiu para o crescimento de 2,5% da classe C(até R$ 4,8 mil), no mesmo período, a ascensão da classe D (R$ 1,1mil), que diminuiu 4,1% e da classe E (R$ 800), 3,3% menor. Coma crise reorganizando as classes sociais, o levantamento destaca aparticipação das áreas mais pobres na retomada da economia. Das seiscidades pesquisadas entre julho de 2008 - antes do agravamento da crise - e julho de2009, o destaque é o avanço de 20% da renda na periferia de Salvadordiante do aumento de 4% da capital. Houve avanço de 7,6% na periferia do Rio de Janeiro,contra 4,9% na capital e, em São Paulo, crescimento de 6,6% naperiferia contra queda de 3,3% na capital. “Talvez, asperiferias sejam menos conectadas aos mercados externos via exportaçãoou aos mercados financeiros, que foram os mecanismos de transmissão dacrise”, explicou Neri. “O mercado interno gera atividade,emprego e renda. É um ciclo virtuoso no qual, as periferias, emparticular, protegem a economia brasileira do efeitos da recessãomundial.”