General diz que tem "juízo" para não entrar na discussão sobre compra de caças franceses

09/09/2009 - 14h40

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O generaldo Exército e ex-comandante militar da Amazônia, AugustoHeleno, evitou fazer hoje (9) qualquer comentário sobre apossível compra pelo governo de 36 caças franceses parareforçar a defesa nacional do país. Provocado porsenadores da Comissão de Ciência e Tecnologia, ondeparticipou de audiência pública sobre o Sistema deCiência e Tecnologia do Exército, o oficial afirmou quetinha “juízo” suficiente para não entrar nessapolêmica.“Nãovou entrar nessa área. O brigadeiro Saito [Juniti Saito,Comandante da Aeronáutica] terá o maior prazer devir aqui e explicar. Eu não tenho conhecimento para isso etenho juízo.” O ministroda Defesa, Nelson Jobim, confirmou ao presidente da Comissãode Relações Exteriores, Eduardo Azeredo (PSDB-MG),presença na próxima quarta-feira (16) para explicarpessoalmente a questão dos caças franceses.Apesar deevitar qualquer comentário sobre a aquisição dasaeronaves, o general Augusto Heleno, atualmente chefe doDepartamento de Ciência e Tecnologia do Exército,destacou a necessidade de investimentos na formaçãoprofissional dos militares que vão operar qualquer aparelhomilitar adquirido pelo governo.Ele citou,por exemplo, a compra pelo Brasil dos helicópteros militares,fundamentais para deslocamentos rápidos, na Amazônia,por exemplo. Nesse caso específico, o general argumentou anecessidade de junto com a compra de equipamentos sofisticados ogoverno garantir a presença de profissionais capacitados paratreinar os soldados que irão operá-los.“Derepente eu compro esses helicópteros mas quem vai operá-los?”,questionou o militar. Ele afirmou que não adianta comprar asaeronaves, caso não se faça a preparaçãodevida o que demanda tempo. Augusto Heleno destacou as dificuldadesenfrentadas pelos militares venezuelanos para operar os caçasrussos Sukhoi-30, de avançada tecnologia.O preparodas Forças Armadas brasileiras para enfrentar qualquertentativa de invasão estrangeira na Amazônia foi outrotema tratado pelo general. Ele reconheceu que existe uma defasagemtecnológica brasileira em relação a outrospaíses mas destacou o preparo dos militares que atuam naregião.“Nóstemos os melhores combatentes de selva do mundo. A tecnologiafunciona até entrar na selva. A partir dali a conversa éoutra”, afirmou. O generallamentou o alto índice de evasão de profissionaisbrasileiros especializados na área de desenvolvimentotecnológico, perdidos para a iniciativa privada internacional.Segundo ele, após a formação em instituiçõesde ensino superior militares como o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), por exemplo, esses profissionais deixam acarreira desmotivados pelos salários e falta de investimentos.Osrecursos orçamentários previstos para aplicaçãoneste ano na área de Ciência e Tecnologia do Exércitofoi o motivo da audiência pública na comissão doSenado. Em 2009, a previsão do governo é aplicar R$ 80milhões no setor.