Chanceler colombiano pede maior cooperação internacional na luta contra o narcotráfico

09/09/2009 - 19h37

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Jaime Bermúdez Merizalde, disse hoje (9), em Brasília (DF), que a comunidade internacional, sobretudo os países sul-americanos, precisam enfrentar, conjuntamente, o narcotráfico e o terrorismo, investindo principalmente em acordos de cooperação na área de inteligência. A luta contra o tráfico de drogas deve ser um dos temas centrais da reunião do Conselho Sul-Americano de Defesa, que será realizado no próximo dia 15, em Quito, no Equador.

Temos todo o interesse de aprofundar e tornar mais eficaz a luta contra o narcotráfico”, disse Merizalde logo após a reunião com o ministro da Defesa, Nelson Jobim. “Necessitamos de mais cooperação em matéria de inteligência, mas creio que estamos avançando e que seguimos por um bom caminho”, disse, ao responder pergunta sobre a forma como o Brasil e a Colômbia podem atuar, juntos, para evitar a ação de narcotraficantes.

A Colômbia acredita que seus únicos inimigos são o narcotráfico e o terrorismo e que, para acabarmos com esse fenômeno, precisamos da efetiva cooperação de toda a comunidade internacional. Além do que, quando a Colômbia se libertar destes problemas, não só o país vai se beneficiar, mas toda a região. Daí a importância que todos tenhamos os mecanismos mais eficazes para acabar com o narcotráfico”, afirmou.

Merizalde mencionou que somente no último ano, o Brasil e a Colômbia assinaram mais de 13 acordos de cooperação - documentos que vão de temas comerciais à proteção das fronteiras - e que a Colômbia tem interesse em intensificar esta relação, o principal motivo, de acordo com o ministro colombiano, de sua vinda ao Brasil.

Temos [o Brasil e a Colômbia] uma interlocução permanente e queremos aprofundar todos os mecanismos dessa relação. Este é o objetivo fundamental desta minha visita, que já estava prevista há vários meses”, disse Merizalde, que, entre vários assuntos, tratou com o ministro Jobim do desenvolvimento do avião cargueiro militar KC-390, pela Embraer, projeto do qual a Colômbia já participa.

Evitando se alongar sobre os temas polêmicos, como as constantes críticas do presidente venezuelano Hugo Chávez à parceria estratégica entre os Estados Unidos e a Colômbia, que, recentemente, aprovou o uso de bases militares em seu território por militares norte-americanos, ou mesmo sobre o projeto de reaparelhamento das Forças Armadas brasileiras, o chanceler colombiano repetiu por três vezes que tais assuntos devem ser discutidos nas reuniões da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

Respeitamos muito as decisões que cada país pode tomar e cremos que quaisquer considerações podem ser discutidas no âmbito da Unasul, onde é importante que tratemos dos temas de interesse regional como, por exemplo, a presença de grupos terroristas na região, os acordos de cooperação com outros países e a compra de armas de outras nações”, afirmou.

A participação colombiana na reunião do próximo dia 15, em Quito, ainda é uma incógnita, já que o governo equatoriano rompeu relações diplomáticas com Bogotá, depois que os militares colombianos bombardearam, em março de 2008, parte do território equatoriano, próximo à fronteira, onde identificaram um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A recusa da Colômbia de enviar representantes ao território equatoriano fez, inclusive, com que o último encontro de cúpula da Unasul fosse transferida de Quito para Bariloche, na Argentina.

Além do encontro com Jobim, Merizalde também esteve hoje com o ministro interino de Assuntos Estratégicos, Daniel Vargas, que lhe apresentou os detalhes do Plano Amazônia Sustentável (PAS). Ainda esta noite, o chanceler colombiano participa de um jantar no Itamaraty, onde se reunirá com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.