História da Amazônia ainda guarda segredos e mistérios

05/09/2009 - 10h40

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - ARádio Nacional da Amazônia completou 32 anos nesta semana e hoje (5) é o Dia daAmazônia. Para comemorar as datas, a rádio organizou a sérieespecial Viver na Amazônia, que a Agência Brasil está reproduzindo. A última reportagem é sobrearqueologia. Vamos saber o que a Amazônia revela do seu passado.

Comuma riqueza natural sem proporção, a Amazônia preserva umahistória de milhões de anos. Ainda assim, detalhes sobre quem viveunessa área, o que comiam e o que faziam os ancestrais do atual povoamazônico até chegarmos aos dias atuais não são fatos totalmenteconhecidos.

Paratentar entender melhor a história da Amazônia, muitos são osestudos realizados na região. Exemplo disso são as pesquisas sobreos impactos da ocupação e do desenvolvimento na Floresta Amazônica,nos últimos 500 anos.

Parteda história da ocupação da Amazônia também passa pela África,como comprova pesquisa realizada pela Universidade Federal dePernambuco. O estudo descobriu que uma das colônias africanas maisricas, criada pelos portugueses - a vila de Mazagão, no Marrocos -foi transferida para a Amazônia.

Issoaconteceu por ordem do rei de Portugal, no século 18, para pôrfim às constantes invasões e saques que a vila de Mazagão sofriade outros povos interessados na riqueza desses marroquinos.

A escolha pelaAmazônia foi uma estratégia e aliou a necessidade de impedir osconflitos constantes com o desejo da Coroa portuguesa de garantir aposse e o domínio da Amazônia brasileira. Depois de um tempo depesquisa, a localização de restos da primitiva igreja e vestígiosde outras unidades funcionais comprovaram a existência da Vila deMazagão Velho exatamente onde hoje está o estado do Amapá.

Outracuriosidade histórica está no Amazonas. O maior estado do país emtermos territoriais ainda guarda segredos nunca antes estudados. EmEirunepé, no sul do estado, por exemplo, fósseis de animaisgigantes que viveram há milhares de anos na região viraramenfeites exóticos em casas de ribeirinhos e de comunitários.Possivelmente, a falta de pesquisas e de orientações sobre o queessas peças representam, deixaram muitos desses objetos sem a devidaimportância histórica.

Entreos megafósseis encontrados no Amazonas, estão os do Toxodon - umgigante herbívoro, similar ao atual hipopótamo-, e os do crocodiloPurussaurus - que segundo cientistas, podia chegar a 18 metros decomprimento. A responsável pelo laboratório de Paleontologia daUniversidade Federal do Amazonas, Rosemery Silveira, explicou que éconsiderado fóssil todo e qualquer vestígio de ser vivopreservado em rocha, ou seja, petrificado, e com idade superior a 11mil anos.

“Aindafalta entender melhor como esses grupos de vertebrados evoluíram naAmérica do Sul e por isso as pesquisas no campo da paleontologia sãofundamentais”, destacou.

Outraspesquisas revelam que a maior riqueza de fósseis no Amazonas estána área do Rio Juruá. Essas águas seguem justamente até o estadovizinho do Acre, onde já foram identificados mais de 200 geoglifos -sítios arqueológicos construídos há pelo menos 2 mil anos.

Umgeoglifo é uma marca na terra que, por suas dimensões, só épercebida se vista do alto. O desenho impresso no solo mede de 100 a300 metros de diâmetro. Essas estruturas de terra se apresentam emformato de círculos, retângulos e outros.

Osgeoglifos já fazem parte de uma lista do Instituto Nacional dePatrimônio Histórico e Artístico Nacional – o Iphan – querecomenda à Organização das Nações Unidas para a Educação,a Ciência e a Cultura (Unesco) o tombamento dessas estruturas.

Assimcomo as pirâmides do Egito e as ruínas de Machu Picchu, no Peru, osgeoglifos do Acre poderão se tornar patrimônio cultural dahumanidade.

Paraa arqueóloga do Museu da Amazônia Helena Lima, as curiosidadesaqui citadas são apenas alguns exemplos de que a Amazônia concentramuitas informações que precisam ser melhor divulgadas.

“Precisamosdescobrir, estudar e pesquisar muitas coisas, mas o mais importante édivulgar esse conhecimento. Tudo isso precisa chegar nas escolas enas comunidades para que se possa de fato aprender as lições queessa história tem para nos ensinar”, resumiu.Estudara história da Amazônia poderá contribuir, por exemplo, paraentender melhor como se processaram as mudanças climáticas naregião, a contar do período pré-histórico até os dias atuais.Além disso, o país pode descobrir se a floresta sempre foidetentora da vasta riqueza biológica tão cobiçada atualmente.