Brasileira casada com italiano acusado de abusar da filha de 8 anos nega o crime

05/09/2009 - 16h08

Luciana Lima
Enviada Especial
Fortaleza - “Se houvessemalícia, eu ficaria ao lado da minha filha. Não pensaria duasvezes em ficar do lado dela”, disse à Agência Brasil a mãe da menina de 8 anos, cujo pai, um turista italiano, de48 anos, está preso desde a última terça-feira (1º), em Fortaleza,suspeito de ter abusado sexualmente da criança. Os nomes da mulher, de 38 anos, e de seu marido não são divulgados para proteger a menina, como determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A mãe contou queestava na piscina da barraca Croco Beach com o marido, a filha emais outros dois casais de amigos e seus respectivos filhos. Segundo ela, o pai cuidava da menina dentro da água. “Não só meu maridoe minha filha estavam na piscina. Estávamos todos na piscina.Ficamos lá por muito tempo. Ninguém nos abordou, ninguém nosadvertiu, até o momento em que estávamos indo embora. Elesabordaram primeiro a minha filha e perguntaram quem era o homem queestava perto dela. Meu marido viu e foi perguntar o que estavaacontecendo. Ele não fala português. Ele entende alguma coisa. Aí,não quiseram falar com ele, pediram apenas para que ele seidentificasse”, contou.Ela disse que foi ouvida informalmente na Delegacia de Combate á Exploração deCriança e Adolescente, que apura o caso. Para a mãe, o casal quedenunciou seu marido interpretou mal a situação e pensou que era umdos muitos casos de prostituição infantil que se espalham hoje portoda orla de Fortaleza. “A minha opinião éque eles confundiram, interpretaram mal. Em meio a tantos casos deabuso sexual que já aconteceram, eles [as testemunhas] viram umhomem, estrangeiro, branco, com uma menina muito mais escura. Nãotentaram se informar e nem saber quem era. Imaginaram logo que era umestrangeiro que estava tentando ficar com uma menina de 8 anos. Adenúncia foi motivada por um pouco de preconceito. Eles imaginaramoutra coisa. Eles não sabiam que ele era o pai dela”, disse a mãe.Construtor e morador dacidade de Goidonia, localizada na província de Roma, o italiano passa férias com a família no Brasil desde que se casou.“Não perdemos o vínculo porque temos casa aqui e eu tenhoirmãs aqui.”, contou a mulher. O pai não chegou a ser ouvido pelapolícia de Fortaleza. Segundo o boletim deocorrência, ele se limitou a dizer que só falaria em juízo. Apolicia não providenciou intérprete para que ele pudesseprestar depoimento, uma vez que não fala português. O italiano está preso em uma cela pequena, onde tem apenas um colchão e um ventiladorlevado pela família.A mãe é casada com oitaliano há 11 anos. Eles se conheceram na Itália, onde ela morahá 15 anos. “Sempre trabalhei lá como garçonete e naquilo queaparecesse. Nós nos casamos e meu marido esteve pela primeira vez noBrasil depois do nosso casamento. Tenho toda minha família quemora na Itália. Não fui eu a primeira a ir para a Itália. Aprimeira foi a minha mãe. Depois foi a minha vó, minha tia e meusirmãos”, disse.Quanto às acusaçõesfeitas pelo casal de turistas de que o italiano teria dado dos beijosna filha e acariaciado suas partes íntimas, a mãe assegurou de que não são verdadeiras. “O que euespero é que tudo seja esclarecido. Esclarecido realmente, porque eutenho certeza que nada aconteceu. Quando eles se referem a um beijo naboca, era só um 'selinho'. Eu também saúdo a minha filha com um'selinho'. Já em relação a acariciar a partes íntimas dela, nãosão verdadeiras, absolutamente. Ele poderia estar ajeitandoo biquini dela, mas não tem nenhuma malícia.”“Em nossa casa nãohá nada que possa indicar abuso. É uma menina serena, alegre. Éuma menina de 8 anos. Ela é muito apegada ao pai e ele tambémcom ela. Ela é filha única. Eu perdi outros três filhos. Doisnasceram prematuros e pouco antes de vir para o Brasil eu tive umaborto espontâneo. Acho que destruíram anossa família”, completou.O casal e a filharetornariam à Itália na última quarta-feira feira (2).