Fiscalização liberta trabalhadores que forneciam carvão para a produção de ferro-gusa

04/09/2009 - 20h10

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um dia depois da Comissão Pastoral da Terra (CPT, ligada à IgrejaCatólica) divulgar relatório sobre a violência no campo noprimeiro semestre – e o coordenador da comissão, Dirceu Fumagalli,apontar o Pará como estado mais violento e o setor de minério deferro como um dos responsáveis pelos conflitos – fiscais doMinistério do Trabalho e Emprego resgataram 11 trabalhadoresexplorados em situação análoga à de escravos na produção docarvão usado nos altos fornos de siderúrgicas.Ostrabalhadores foram encontrados em uma carvoaria próxima àlocalidade de Gravatá, no município de Eldorado dos Carajás(sudeste do Pará). Segundo o ministério, os trabalhadores, quereaproveitavam madeira extraída sem licença da Secretaria de MeioAmbiente do estado, não tinham carteira do trabalho assinada e nãousavam equipamento de proteção individual para prevenção deacidentes.Conforme o auditor fiscal Benedito Lima, quecoordenou a ação, os trabalhadores dormiam em  alojamentoerguido por eles próprios, feito com madeira e palha de babaçu.“Não havia instalações sanitárias. As pessoas bebiam a águatambém usada por animais”, relata o auditor. O carvão produzidonessas condições era fornecido para alguma siderúrgica instaladana região de Marabá. “Está sendo investigada qual”, afirmouLima. A Polícia Federal também está procurando o dono dacarvoaria, que fugiu do local.As siderúrgicas usam o carvãopara alimentar os altos fornos que a 1.500 graus Celsius transformamo minério de ferro extraído na região em ferro-gusa, exportadopara a fabricação de lâminas de aço. Com a crise econômicainternacional, as exportações de ferro fundido do Parádespencaram. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior, as exportações do estado caírammais de 60% na comparação de janeiro a julho de 2009 com o mesmoperíodo no ano passado.Para a socióloga Eleonor Palhano,professora da Universidade Federal do Pará, a crise econômicaagrava as condições de exploração do trabalho na região. “AAmazônia não está deslocada desse contexto internacional”. Paraela, é fundamental “entender como o capital avança na região”e cria “formas de excluir, e não de incluir”.