Crise já ficou para trás no Brasil, diz Mantega

04/09/2009 - 12h42

Da Agência Brasil

Brasília - Oministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a crise financeira ficou para trás no Brasil e que o paísestá em processo “de franca" recuperação.Segundo ele, a economia brasileira já está crescendo de4,5% a 5%. As informações são daBBC Brasil.

ParaMantega, o sucesso brasileiro contrasta com as dificuldadesenfrentadas pelas economias avançadas, que começam adar sinais de retomada "lenta, difícil e gradual".Ele afirmou que o Brasil vai defender amanhã (5) em Londres, na reunião do G20 - grupo de países em desenvolvimento -, que a intervenção do governo na economiaseja mantida até que a recuperação global estejaconsolidada.

Oministro disse que não acredita na tese de possívelrecaída da economia mundial. Segundo ele, a retomada vaiocorrer em ritmos diferentes e demonstrar que os paísesavançados "são os mais debilitados" e que precisam dosemergentes puxando o crescimento.

"Quemvai puxar o crescimento somos nós. Pode haver um ou outro paíseuropeu que fique melindrado, aborrecido. Iiso não vaiimpedir que o G20 se torne a instituição maisimportante da economia mundial”, afirmou.

Eledestacou que, na reunião de amanhã, o Brasil tambémvai apresentar uma proposta de regulamentação dosistema financeiro internacional. "Não se consolidouainda uma nova arquitetura com regras mais claras, com limites para aação do capital especulativo. O Brasil já temisso e eu vou apresentar uma proposta de como ter isso em escalainternacional.”

Oministro disse ainda que o Brasil e outros países consideradosemergentes vão cobrar a aceleração no processode reformas no Fundo Monetário Internacional (FMI). Porpressão do próprio grupo, a data da reforma foiantecipada de 2013 para 2011, mas Mantega quer que já fiqueclaro, na reunião de Pittsburgh, nos Estados Unidos, que o percentual de cotassairá das mãos dos países desenvolvidos.

"Janeirode 2011 é uma data boa, mas quero antecipar o início dadança. Propomos que 7% das ações que estãocom os países ricos passem aos emergentes e que tenhamosigualdade acionária", disse. Ele acrescentou que, comisso, países como Brasil, Índia e China podem pôrmais dinheiro no fundo. “Sabemos que, mesmo antes dessacrise, o Bric [grupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China] e emergentes já estavam à frente docrescimento. Depois dessa crise, isso será ainda maisverdadeiro.”

Parao ministro, o fortalecimento do G20 em detrimento do G8  - composto pelos sete países mais industrializados do mundo e a Rússia - estávindo "espontaneamente". "Nunca vi tanta reuniãodo G20. Já é o fórum mais importante da economiamundial e representa os países mais importantes do globo, maisde 80% do PIB [Produto Interno Bruto, a soma de bens e serviços produzidos por todos os países do planeta] mundial.”

Segundoele, os países do Bric também vão discutir, nareunião preparatória de hoje (4), a proposta do Brasilde substituição do dólar por moedas locais nocomércio entre os quatro membros do bloco. "Temos queamadurecer essa proposta, ou com troca em moeda local ou com swaps,créditos recíprocos em moeda local".