Brasil sempre considerou as gripes como simples resfriados, diz médico

03/09/2009 - 1h17

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Opresidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro,Celso Ramos, disse hoje (3) que o país sempre considerou osdiversos tipo de gripe como “um simples resfriado”. Ele lembrou,por exemplo, que governo e profissionais de saúde só passaram a sepreocupar com a vacinação de adultos há cerca de dez anos. Aoparticipar de audiência pública na Câmara dos Deputados, Ramosrevelou que em boa parte das faculdades de medicina, a doença nãoé discutida da maneira como deveria.

Especificamente sobre a da influenza A (H1N1) – gripe suína – elecriticou o fato de os exames serem feitos apenas porlaboratórios de referência do governo. Para Santos, os laboratórios privados também deveriam estar habilitados, uma vez que játêm condições para isso. "Precisamos abrir issopara a população como um todo”, disse.

Eleacredita ainda que houve uma espécie de “retardo” doMinistério da Saúde para declarar oficialmente que o país jáapresentava transmissão autóctone da doença – quando o víruscircula em território nacional. Antes disso, o exame só era feitoem pacientes que apresentavam vínculo epidemiológico, o que podeter agravado o cenário da doença no Brasil.

Arestrição de acesso ao medicamento Tamiflu também foi criticadapelo médico, já que o mecanismo de distribuição, segundo ele,ficou “emperrado” na rede pública de saúde. “Temos um sistemade saúde bom, mas não perfeito”, disse.

Parao presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, JuvêncioFurtado, o medicamento disponibilizado de maneira mais ampla e commais agilidade alterou a gravidade da doença no Brasil. A partir domomento em que o tratamento passou a ser feito de forma precoce,segundo ele, os casos mais graves começaram a cair.

“Agrande questão para o próximo ano e ainda para este ano é comoesse medicamento, única arma disponível, poderá ser ampliado”,afirmou, ao destacar que não há como enfrentar uma nova pandemiasem que haja ainda o aumento no número de leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs).

Eduardo Hage, diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria deVigilância Sanitária do Ministério da Saúde, argumentou apenasque uma avaliação a posteriori sobre a situação da doençano país “é sempre fácil”. “A medida que se vai conhecendomais, é natural que os sistemas adequem seus protocolos”, disse.Aotodo, 6.592 casos graves de gripe suína foram notificados. Dos 6.592 casos graves  de gripe registrados no Brasil, 87% foram provocadospelo vírus Influenza H1N1, 1.859 municípios já apresentampessoas infectadas e 786 pacientes morreram por causa da doença.