Nacional da Amazônia faz 32 anos e comemora destacando como vivem os povos da região

01/09/2009 - 9h30

Juliana Maya
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - A Rádio Nacional da Amazônia completa 32 anos hoje (1º) e no próximo sábado (5)é o Dia da Amazônia. Para comemorar as datas, a rádio organizou asérie especial Viver na Amazônia, que será exibida durante asemana nas duas edições do Jornal da Amazônia. A primeira reportagemmostra como os amazônidas de cidades distantes acessam a internet.Namaioria das vezes, o acesso é feito em lan houses, estabelecimentos onde há vários computadores, que prestam serviço ao público. A estudante Aurora MirandaVeras, de 39 anos, moradora de Gurupi, no Tocantins, faz pesquisas pela internet na lan house. “Agora euestou acabando minha pesquisa sobre uma escritora inglesachamada Agatha Christie. Isso é pra minha aula de inglês, foi umtrabalho que minha professora de inglês pediu. Para você acessar a internet, uma hora é umreal, um real e meio, então tem pra todo mundo. Aestudante faz questão de reforçar que, embora a lan house da sua cidadejá seja um ponto de encontro entre jovens e adultos, o local podeproporcionar outros serviços ao público além da diversão.Essa também é a opinião da Associação Brasileira de Centros de InclusãoDigital (Abcid). De acordo com a associação, as regiões Norte e Nordestetêm, proporcionalmente, mais lan houses e cyber cafés (lanchonetes que oferecem acesso à internet) do que as outrasdo Brasil. O presidente da Abcid, Mário Brandão, diz que nonorte do país mais de 70% da população que usa a internet  tem acesso à rede nas lan houses. Ele informa quejá presenciou casos curiosos em comunidades bastante isoladas naAmazônia, como um ocorrido interior do estado do Acre.“É uma comunidade [à qual] você não tem acesso por estrada, você só chegalá de barco, a cidade não tem energia elétrica por fiação, mas, em umamargem do rio você tem uma lan house e na outra margem do rio você temoutra, basicamente acessadas por seringueiros e povosindígenas. As duas funcionam à base de gerador e com acesso viasatélite". Segundo Brandão, é grande a demanda dapopulação por tecnologia. "É uma coisa que abre portas. Aspessoas estão tendo acesso hoje, de maneira rápida e prática, àinformação imediata, instantânea”. Para o presidente da Abcid,a lan house democratiza o acesso à informação. Por isso, ele acreditaque a tendência é que o Poder Público use cada vez mais esse serviço emfavor da população. Um exemplo disso é a cidade de Manaus,capital do Amazonas, onde a prefeitura fez uma parceria com 20 estabelecimentos, que  foram equipados com máquinas debilhetagem eletrônica  para vender e carregar os cartões de meiapassagem para estudantes. A chefe de Bilhetagem Eletrônica doInstituto Municipal de Trânsito e Transporte de Manaus, Maria LúciaMiguês, afirma que as lan houses estão prontas para receber o estudantee para vender os créditos de maneira rápida e prática.  “E também desmitificar aquela imagem de que lan house é só diversão. Agente está usando [esses estabelecimentos] para um bem comum, uma prestação deserviço e quem sabe, para orientar na parte acadêmica,de trabalhos de escola, de faculdade... Hoje em dia, a tecnologia está naporta de casa e a gente tem que aderir a ela”. Vale lembrarque, para evitar o acesso a conteúdos pornográficos ou impróprios paramenores, os donos das lan houses podem bloquear páginas da internetpelo seu endereço eletrônico ou por palavras. Essa restrição pode serfeita em cada computador ou na rede inteira. Hoje, não existeuma norma federal específica a repeito das lan houses, mas algunsestados já têm legislação própria sobre o tema. Essas leistratam, entre outras coisas, da distância que os estabelecimentos devemmanter das escolas, da restrição do seu uso por menores de idade e denormas de segurança, como instalação de câmeras filmadoras. Muitasdelas se baseiam no Artigo 149 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que dá competência à autoridade judiciária para autorizar aentrada e a permanência de crianças ou adolescentes desacompanhados dospais ou responsáveis em casa que explore comercialmente diversõeseletrônicas.