Modelo proposto para o pré-sal não traz ganhos para o mercado, diz economista da FGV

01/09/2009 - 17h53

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O modelo proposto pelo governo para a exploração do petróleo da camada pré-sal resulta em umaconcentração do mercado, o que não épositivo para o país. A avaliação é da economista Adriana Perez, coordenadora do Centro de Economia e Petróleo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).“A partir desse modelo, a gente voltaa uma estrutura de mercado mais concentrada, com a Petrobras sendo aoperadora única dessa área do pré-sal”, disse.

Segundo ela, essa concentração vai dificultar o trabalho do regulador em avaliar o desempenho daempresa. “Porque você não tem como comparar asescolhas que ela vai fazer para desenvolver e produzir o óleodessa área com as outras empresas”, explicou.

A economista comentou tambémo aumento do papel do Estado no pré-sal, citado hoje (1º), ementrevista coletiva do presidente daPetrobras, José Sergio Gabrielli.

Para Adriana, o modeloatual já permite um controle do ritmo de produçãoe da velocidade com que o petróleo pode ser produzido, de formabastante satisfatória. Ela não vê ganhos com oaumento do papel de controlador exercido pelo Estado. “Viaregulação, já é possível controlaro ritmo de produção na indústria, aqui no país”.Gabrielli havia dito que aqueles que pensam que o futuro do setor está vinculado aideias de livre mercado estão “em um horizonteequivocado” no mercado internacional de petróleo. O presidente da Petrobras afirmou que o Estado terá um papel bem maior na gestãode hidrocarbonetos pelas novas regras.Adriana ressaltou que, mesmo com as regras atuais, qualquer empresa de exploração e produção tem que ter o plano de produção anual aprovadopreviamente. “Então, a gente nãoentende qual é o ganho em termos de aumento de controle, umavez que já existe controle considerável.” A economista também não considerou o novo modelo satisfatório para omercado. Para ela, as novas regras também não são boas para as empresas de produção e exploração. Na avaliação de Adriana, esse tipode “arranjo” que o governo está propondo gera uma perda devalor porque as empresas, embora permaneçam interessadas nopré-sal, “vão precificar essa perda de liderançaque elas poderiam ter em alguma subárea do pré-sal”.