Médicos dizem ser desnecessário o uso de álcool na higienização das mãos

01/09/2009 - 18h28

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Umprática que deveria ser sempre seguida, mas ganhou maior difusão com apandemia da influenza A (H1N1)- gripe suína, o ato de lavar as mãos nãoprecisa mais do que água e sabão. É o que recomendam o Ministério daSaúde e médicos ouvidos pela Agência Brasil. Mas a higienização das mãos com o álcool gel também se transformou num hábito do brasileiro, com o crescimento de casos da doença no país. Por causa disso, houve o aumento na procura pelo produto, quechegou a sumir das prateleiras de alguns pontos comerciais e a ter os preços elevados.O presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Jorge CarlosMachado Curi, desfaz a crença de que o álcool gel seja essencial nahigienização das mãos para evitar a contaminação pelo vírus Influenza (H1N1). Ele disse que basta apenas lavar bem as mãos com água e sabãoneutro, e alertou para os riscos do uso indiscriminado do produto.“Apesarde não se espraiar da mesma forma que o álcool líquido, esse produtotambém incendeia com facilidade, favorecendo a ocorrência de acidentes, principalmente,  com crianças e mesmo com adultos”, disse.De acordo comMachado Curi, os profissionais da área médica de várias especialidades há algumtempo alertam, por meio de campanhas, para a necessidade de reduzir o uso do álcoollíquido, uma ação que, na opinião dele poderia também ser aplicada nocaso da versão na forma em gel.Parceira da APM e de outrasentidades nessas campanhas, a Associação Brasileira de Defesa doConsumidor defende a aprovação do Projeto de Lei 692/2007,que proíbe a venda do álcool líquido para fins domésticos.“É um produto muito perigoso, facilmente inflamável e responsável pelamaior parte dos acidentes com queimaduras em nosso país”, informou pormeio de um comunicado.Embora as campanhas estejam voltadas para a restrição do uso do álcoollíquido, Associação Brasileira de Defesa doConsumidor alega que as análises feitas pela entidadecomprovaram que, mesmo na forma de gel, o perigo de acidentes existe eque, nestes casos, as crianças são sempre as maiores vítimas.Nosetor de atendimento a pacientes com queimaduras no Hospital dasClínicas  de São Paulo, no entanto, não há o registro de casos frequentes de vítimasde queimaduras com álcool gel, segundo informou o médicoresponsável pelo departamento, David Gomes. Ele revelou queentre 12 a 15% dos casos de queimaduras têm origem no uso de álcoollíquido. Já os atendimentos causados pelo uso inadequado do produto naforma em gel são raros com apenas dois registros até hoje. O médicotambém concorda com os especialistas que para higienizar bem as mãos“bastam água e sabão”.