Conferência das Cidades discute aumento da frota de veículos e mobilidade urbana

01/09/2009 - 19h10

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Autoridades, empresários e representantes da sociedade civil estão reunidos hoje (1º) e amanhã (2) para debater a mobilidade urbana brasileira, durante  a 10ªConferência das Cidades,  na  Câmara dos Deputados. O tema é fundamental para o país, que tem uma frota de 28 milhões de automóveis e 9 milhões de motocicletas.Na abertura do evento, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, reforçou a necessidade de que haja conscientização da sociedade sobre a necessidade de mudanças no modelode transporte nos centros urbanos. “Temos que pensar num problemamuito mais sério do que simplesmente fazer investimento. Temos quepensar na racionalização do que seja transporte urbano”, afirmou. Segundo Fortes, o transporte coletivo precisa “atrair” as pessoas que estãoparadas dentro dos carros. Essa também é a idéia defendida pelopesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) CarlosCarvalho. De acordo com números apresentados por ele naprimeira mesa de debates da conferência, só na cidade de São Paulo oscongestionamentos geram perdas de R$ 27 bilhões por ano. Enquanto isso,a receita anual dos transportes públicos gira em torno de R$ 35 bilhõese gera 700 mil empregos diretos. Para Carvalho, o ritmo de aumento da frota de carros, que cresceu 9% ao ano nos últimos dez anos,e de motos, que cresceu 19% ao ano, é uma apropriação indevida doespaço público para interesse individual. “Fica o questionamento: ascidades suportam esse padrão de mobilidade onde o conforto individualsupera a coletividade?”Para o representante daAssociação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Nazareno Afonso, ainjustiça começa nos incentivos governamentais. “No ano passado, ogoverno injetou R$ 12 bilhões na indústria automobilística paraentulhar nossas cidades de carros”, afirmou. De acordo com ele,a expectativa dos empresários do setor é de que o PAC da Mobilidade,que vem sendo prometido há dois anos, saia do papel e permita que osestados tenham acesso a recursos do Fundo de Garantia por Tempo deServiço (FGTS), do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investir emtransporte coletivo.