Professor acredita que reservas do pré-sal podem ser maiores do que se estima

31/08/2009 - 1h51

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O potencial das reservas de petróleo na camada pré-sal pode sermaior do que se estima, mas no momento "os números são apenasespeculativos", de acordo com o professor Guiseppe Bacoccoli,pesquisador da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação emEngenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) eespecialista em mercado de petróleo.Segundo ele, asnotícias dão conta da existência de jazidas entre 5 e 8 bilhõesde barris nas áreas já pesquisadas e entre 10 e 15 bilhões noscampos vizinhos, mas o único jeito de se chegar aos númerosconcretos é a perfuração, que identificará o real potencial eisso deve envolver grandes investimentos.Bacoccoli, que falousobre o assunto em entrevista ao programa Revista Brasil, daRádio Nacional, disse que há “interesse eleitoreiro” dogoverno na questão, enquanto nos estados onde se localizam asreservas o interesse é de concentrar os benefícios que a exploraçãovai permitir.No entanto, a propostaque deverá ser inserida no marco regulatório que o CongressoNacional vai discutir é de se criar um sistema de compartilhamentoem que os estados produtores não ficariam com todos os benefícios,como acontece com o modelo atualmente em vigor de regime deconcessão.Bacoccoli acha justoque a maior parte dos recursos decorrentes de impostos que vão sergerados fiquem nas regiões produtoras, pois elas vão arcar com osimpactos sociais, socioeconômicos e ambientais da atividade.Para o professor, oBrasil deveria repassar ao consumidor os benefícios da exploraçãodo pré-sal, comoacontece na Venezuela, onde a gasolina é barata. Aqui, no entanto,segundo ele, cerca de 50% do preço dos combustíveis são decorrentes de impostos."A exploraçãoabaixo da camada do pré-sal é importante para o Brasil, poisatualmente o país já produz o que consome e poderá também ser umdos mais importantes exportadores de petróleo".Bacoccoli afirmou quena questão energética o Brasil está plenamente assegurado, o queconsiderou muito positivo, "porque o país fica independentedas confusões de mercado que ocorrem lá fora".A situação do país éinvejável, chama a atenção Bacoccoli, tanto na questãodo etanol produzido pela cana quanto no potencial interno parageração de energia elétrica.O pesquisador vê comdesconfiança a promessa do governo de que poderia constituir umfundo social com recursos decorrentes da exploração, lembrando queem outras situações no país isso não ocorreu, como no caso daarrecadação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), em que o dinheiro foi desviado da destinaçãoinicialmente prevista (a saúde).Bacoccoli defende que asociedade precisa participar das discussões sobre a exploração na camada de pré-sal, assim como a indústria, setores que não foramchamados ainda a opinar. A participação geral e irrestrita nasdiscussões será bem-vinda,  defende o especialista.