Modelo de usinas a serem construídas no Peru será diferente do de Itaipu

26/08/2009 - 10h38

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil deve ficar com 80% da energia gerada nasprimeiras cinco usinas a serem construídas no Peru, que poderá ser exportada para outros países da região. As usinas, que podemchegar a 15 se todos os projetos saírem do papel, serão construídaspor empresas brasileiras, com capital próprio e financiamento doBanco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).O modelo difere um pouco do que foi adotado naimplantação de Itaipu, que foi construída pelo Estado brasileiro.Além disso, na opinião do analista político de América Latina, Thiago deAragão, o Peru vive uma situaçãodiferente da do Paraguai, que recentemente questionou o contrato como Brasil sobre o preço de venda da energia gerada na usinabinacional.“O Peru tem instituições mais sólidas, nãotem o problema endêmico de corrupção que tem o Paraguai. Alémdisso, os peruanos aprenderam a separar o crescimento econômico de7% a 8% ao ano das questões políticas. Então, esse crescimento nãoresulta necessariamente na popularidade alta do presidente”, explica o analista, justificando porque o mandatário poderianão ter o aval da população para mexer no contrato com o Brasil.Aragão lembra que o acordo é interessante paraos vizinhos porque eles são muito dependentes do gás naturalboliviano, o que não permite um planejamento estratégico em funçãodas instabilidades do país de Evo Morales.Os pontos positivos para os dois paísesenvolvidos na construção das usinas, no entanto, não convencem oanalista em energia Paulo Homem. Ele acredita que a parceria nãovale a pena para o Brasil, que poderia estar apostando emempreendimentos internos. “Eu acho que não vale a pena. A gentepoderia se concentrar em aumentar o nosso potencial energético”.Segundo ele, existe uma série de pequenas centrais hidrelétricas (PCH) que, se tivessem suas construçõesliberadas imediatamente, gerariam energia equivalente a muito maisusinas dessas que estão sendo construídas com o Peru, que vãogerar ao todo 6 mil megawatts de potência, em média. “Existe também a questão do petróleo, do gás,da energia eólica. Nós temos uma infinidade de possibilidadesenergéticas aqui no Brasil e não precisamos ir ao Peru produzirenergia. O Brasil sabe disso e promove essa parceria muito mais paraavançar na sua estratégia geopolítica”, alega Homem.O Brasil tem estoque de energia de 105 milmegawatts, mas estima-se que em dez anos já precisará de 50% a mais.Em30 anos, segundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, essacapacidade terá que ser dobrada.