Iniciativa privada investe na capacitação de catadores de lixo reciclável no Rio

26/08/2009 - 16h33

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O sistema da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), em parceria com a Coca-Cola Brasil, lançou hoje (26) um projeto para capacitar catadores de resíduos sólidos doAterro Metropolitano de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, na BaixadaFluminense. O projeto chamado de Sustentabilidade para o JardimGramacho vai oferecer aulas de qualificação profissional para cerca200 catadores da Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano doJardim Gramacho (ACAMJG).O investimento é de R$ 70 mil, e os cursos, que terão duração de seis meses, vão estar voltados à formação de gestores e à profissionalização de agentes comunitários.Parao presidente da Associação dos Catadores do Jardim Gramacho, SebastiãoSantos, esse é o primeiro passo para transformar a coletaseletiva uma questão de política pública. “Há um compromisso maior dosetor empresarial e também das autoridades nessa questão. E o papel doscatadores está crescendo e se fortalecendo. O fundamental é que ascooperativas recebam o apoio e as condições para caminhar com ospróprios pés e ganhar autonomia.”As aulas serão ministradasna sede da organização não governamental (ONG) Doe seu Lixo, no centro do Rio. Segundo a presidente de honra da ONG, a atriz Isabel Filardis, aos poucosas empresas estão descobrindo as vantagens de reciclar. “Quando criamos aONG, há cerca de nove anos, ainda não se tinha a verdadeira noção dovalor agregado do lixo. Hoje reciclamos o lixo de mais de 140empresas. Não apenas por causa da preocupação com o meio ambiente, masporque faz bem para o bolso também”.Isabel lamentou que o Brasil recicle apenas 10% do que produz e que aindafalte um longo caminho na conquista da autosustentabilidade.        Odiretor-superintendente do Instituto Coca-Cola Brasil, Marco Simões,disse que, embora a empresa já invista em parcerias com cooperativas há15 anos, ainda há muito o que aprender e fazer. “Ainda há umdesconhecimento muito grande das muitas possibilidades dereaproveitamento do lixo e de seus benefícios. Nossa meta é que,até 2020, cerca de 100% do que produzimos seja reciclado.”Oartista plástico Vik Muniz, patrono do projeto, intermediou o primeirocontato entre a Firjan e a Associação dos Catadores. Ele contaque começou a ver a beleza e importância do lixo depois de passar algumassemanas, há dois anos, convivendo com os catadores de Gramacho. “É fundamental que a sociedademude a relação que tem com o lixo. Lixo é riqueza. Riqueza cultural eeconômica. E o catador tem um nível de conhecimento e de cultura únicoque deve ser valorizado também.” Desde 1978, JardimGramacho recebe mais de 80% do lixo produzido na região metropolitanado Rio, cerca de 8 mil toneladas por dia de resíduos. A previsão éde que o Aterro de Jardim Gramacho seja desativado em, no máximo, cincoanos, de acordo com a prefeitura do Rio. O local deve servir apenas paratransformar resíduos sólidos em energia. Com isso, a previsão é de quemais de mil catadores e suas famílias percam sua fonte de renda.