Analistas se dividem sobre vantagens e riscos da construção de usinas binacionais com o Peru

26/08/2009 - 10h29

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Oprojeto de construção de usinas hidrelétricas binacionais com oPeru tem dividido os analistas internacionais brasileiros. Do pontode vista geopolítico e de integração, a ideia parece positiva parao professor do Departamento de História da Universidade de Brasília(UnB) e especialista em América Latina, Francisco Doratioto.Paraele, a integração energética beneficia todos os paísesenvolvidos, não apenas para o Brasil. Doratioro explica que, à medida que o país estreita relações econômicas e políticas comos vizinhos, sua presença na América do Sul é maior e ele passa aser visto pela Europa e pelos Estados Unidos como um jogadorimportante.“Então,quando o Peru estreita relações com o Brasil, ele também ganhapeso político em relação à sub-região andina e à América doSul”, diz o professor.Segundoele, por ser o maior beneficiado político dessa aproximação com osvizinhos, o Brasil precisa arcar com os custos.“Osócio maior no processo de integração tem que fazer concessões.Foi assim com a Alemanha no processo de integração com a Europa,por exemplo. Nós não somos tão ricos quanto a Alemanha, mas tambémtemos que arcar com alguns custos”.Quanto aos riscos futuros do negócio, sãomédios, de acordo com o analista político de América Latina,Thiago de Aragão. Ele afirma que, apesar de o atual presidente doPeru, Alan García, ter um histórico de comprometimento com oscontratos assinados, seu principal opositor político, OllantaHumala, é ultranacionalista e poderia querer a revisão do acordocom o Brasil caso fosse eleito.“Ele perdeu as últimas eleições no segundoturno por muito pouco e é muito mais radical que o Evo Morales naBolívia, por exemplo. Então o risco que o Brasil pode enfrentar nãoé no momento da assinatura do contrato, mas um risco de intervençãono futuro, caso um candidato como esse ganhe”.