Produtores querem reconhecimento internacional da cachaça como bebida típica do Brasil

24/08/2009 - 20h05

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Instituto Brasileiro da Cachaça(Ibrac) está lutando, com o apoio do governo brasileiro, paraconseguir que a cachaça nacional seja reconhecida no mercadoexterno como um produto típico e exclusivo do Brasil, comoocorre em relação à tequila, no México, eao champanhe, na França. Os principais alvos do setor são,no momento, os Estados Unidos e a Comunidade Europeia.

O tema foi discutido no 29ºSeminário e Congresso Internacional da Propriedade Intelectualque a Associação Brasileira de Propriedade Intelectual(Abdi) está realizando no Rio de Janeiro.

O diretor executivo do Ibrac, Carlosde Lima, disse hoje (24) em entrevista à AgênciaBrasil que “todo o esforço do setor e do governobrasileiro é para que a cachaça seja reconhecida comouma bebida típica e exclusiva do Brasil”.

Decreto presidencial de 2001conferiu à cachaça o reconhecimento de procedência,ou seja, certificou que a bebida é tipicamente brasileira.Lima afirmou, entretanto, que o decreto só tem força noBrasil. Daí a soma de esforços para que ela sejareconhecida também no exterior.

Nos Estados Unidos, segundo maiorconsumidor internacional da cachaça brasileira, depois daAlemanha, o produto é rotulado desde 2000 como rum brasileiro(brazilian rum). A meta é mudar essa denominaçãopara cachaça, simplesmente, porque aí estariaimplícita, segundo Lima, a procedência brasileira.

O Ibrac está aguardando apublicação de uma consulta pública nos EstadosUnidos, que possa dar o reconhecimento de produto típico eexclusivo do Brasil, para que a bebida não entre mais noexterior com esse rótulo de rum equivocado.

Na Europa, o processo é umpouco diferente, pois algumas empresas estão se apropriando donome cachaça para rotularem seus produtos que nada têm aver com a bebida brasileira. “A gente espera que uma vez que acachaça seja reconhecida na União Europeia comouma indicação geográfica, isso dá forçapara que nós possamos coibir esses atos naquele continente”.

A ideia é mostrar aos paísesa ligação histórica que a cachaça tem como Brasil. O Ibrac está resolvendo alguns processos internospara poder apresentar um pleito formal à Comunidade Europeiapara o reconhecimento da cachaça como uma bebida exclusiva doBrasil. Lima estima que isso deverá ocorrer no iníciode 2010. As ações com esse objetivo são apoiadasintegralmente pelo governo brasileiro, informou.

O setor produtivo de cachaçareúne cerca de 4 mil marcas e gera mais de 600 milempregos em todo o país. Ele não foi afetado pela crisefinanceira internacional. “É um setor que vem crescendo e sedesenvolvendo cada vez mais”. Em 2008, foram exportados US$ 16milhões, o que correspondeu a 11 milhões de litros decachaça.

Carlos de Lima revelou que ocrescimento registrado foi de 18% em termos de valor e 20% em termosde volume, em comparação ao ano anterior. Hoje, menosde 1% da produção é exportado, disse o diretorexecutivo do Ibrac.

A capacidade instalada de produçãode cachaça no Brasil alcança, aproximadamente, 1,2bilhão de litros. “A gente ainda tem um potencial decrescimento da exportação muito grande”, disse.Segundo Lima, o reconhecimento da cachaça como bebida típicado Brasil dará um impulso grande às exportações.