Maior dificuldade é identificar casos que podem ter complicações, diz médica

24/08/2009 - 14h03

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ainfectologista epesquisadora de vírus respiratóriosda Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Nancy Belleiafirmou hoje (24) que a maior dificuldade dos profissionais de saúdeno Brasil é definir quais pacientes poderão apresentarum agravamento do quadro de influenza A (H1N1) – gripe suína.“Nãotemos como saber quem são os 10% que vão ter complicações e os90% que não vão”, disse, em entrevista àAgência Brasil. Segundo ela, o problema da incerteza dos médicosestá diretamente relacionado à administraçãodo medicamento Tamiflu, já que a orientação doMinistério da Saúde é que o remédio sejaprescrito somente para pacientes que fazem parte dos grupos de riscoou que estão em estado grave.Amédica lembrou que, apesar haver casos em que o remédio é usado após o agravamento do estado de  saúde, a maior eficácia do medicamento se verifica mesmo no período de  48 horas após o início dos sintomas. “A maior parte dos pacientesnão terá complicações, mas não dá para saber”,afirmou.ParaNancy, o sentimento é de “angústia” paraos profissionais de saúde responsáveis por diagnosticaros casos e  definir quem deve tomar o remédio. A saída,segundo ela, é usar o bom-senso – pacientes com muitos sintomas,ainda que fora dos grupos de risco, geralmente apresentam uma cargaviral mais elevada e, por isso, devem ser atendidos com cautela.Sobrea promessa da vacina no Brasil – prevista pelo governo para o início de 2010 – a infectologista destacouque ainda não há definição de quem vai receber as dosesprioritariamente. Há apenas discussões sobre aimunização de profissionais de saúde e de  pessoas que fazem  parte de gruposde risco. “Tudo ainda é uma incógnita”, disse.Para Nancy, a única coisa certa, até o momento, éque o Tamiflu não vai perder seu “papel” com o surgimento da vacina, já que o vírus Influenza H1N1 vai continuar em circulaçãono Brasil.“Vamosprecisar do antiviral porque não vamos vacinar toda apopulação e vamos ter casos mais graves. A políticade distribuição do Tamiflu terá que ser feitaantes da segunda onda da doença [prevista para o inverno de2010].”