Barra da Tijuca cresceu sem infraestrutura

24/08/2009 - 11h38

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os problemas da Barra da Tijuca são bem específicos. Até os anos 60,a área era um grande areal, com 18 quilômetros de praia de maraberto, de baixa temperatura, mais propício ao surfe do que aobanho. A ocupação começou a partir do plano piloto do arquiteto eurbanista Lúcio Costa, de 1969.A corrida imobiliáriasem regras e obrigações claras, a partir dos anos 70 e do chamado“milagre brasileiro”, levou à rápida expansão do bairro, sem ainfraestrutura necessária, transformando os moradores doscondomínios numa espécie de habitantes remotos do Rio, longe detudo e de todos. Nas décadas que se seguiram, várias benfeitoriasamenizaram esse cenário, culminando com a ligação direta ao centroda cidade e aos aeroportos pela Linha Amarela, em 1998.Hoje, a Barra da Tijucaé maior do que seus problemas e, segundo a prefeitura, “aatividade econômica local é composta por cerca de cinco milestabelecimentos, 90,4% dos quais são do segmento de comércio eserviços, empregando aproximadamente 42 mil pessoas. O volume denegócios gera R$ 70,0 milhões de Imposto sobre Circulação deMercadoria e Serviços (ICMS), o que equivale a US$ 60,3 milhões, anona arrecadação da cidade”.A Barra estáclassificada como de alto desenvolvimento humano, segundo o Índicede Desenvolvimento Humano (IDH=0,855), e ocupa a quinta posiçãoquando consideradas as 12 regiões do Plano Estratégico. Entre asdimensões que compõem o IDH, é a sétima colocada em longevidade(IDH-L=0,779), décima-primeira em educação (IDH-E=0,907) eterceira em renda (IDH-R=0,880)”.Todos esses númerosimplicam a contrapartida, que é o preço pago pela falta deplanejamento. Por isto, a iniciativa do Encontro Barra Sustentável –Ainda há Tempo, no qual serão abordadas as questões ligadas àfaixa litorânea, tão mal cuidada que deu espaço aos edifíciosPalace I e II, da antiga construtora do engenheiro Sérgio Naya,quanto às áreas mais afastadas, no sentido da Baixada deJacarepaguá, onde se situam reservas naturais, mantenedoras doecossistema da região, como os Campos de Sernambetiba e as águas doMaciço da Pedra Branca, entre outros.“Os Campos deSernambetiba são o lugar ideal para fazermos a Veneza carioca”,garante a vereadora Aspásia Camargo, citando projeto neste sentidona Secretaria Municipal de Urbanismo há alguns anos. “A Barra temuma beleza cênica incomparável, tem vários Pães de Açúcar, oMaciço da Pedra Branca, de grande valor ambiental e que devem serpreservados”.