Procurador afirma que símbolos religiosos em prédios públicos demonstra influência religiosa

23/08/2009 - 1h23

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O procurador do estado de São Paulo Jefferson Aparecido Dias afirma que a presença de símbolosreligiosos em edifícios do Judiciário é umademonstração de que a religião exerce influênciano Poder Público, apesar de a constituiçãoestabelecer um Estado laico, separado de qualquer igreja.“Acho queo fato de existir um crucifixo em quase todas as salas de audiênciaé algo que demonstra que [a religião] ainda temuma influência grande.”

Opromotor entrou com uma ação no final do mêspassado em que pedia a retirada dos símbolos religiosos dos prédiospúblicos, onde há atendimento à populaçãono estado de São Paulo. Para ele, a presença dessessímbolos vai contra o princípio da laicidade do Estado.

“Nasala do servidor, na mesa dele, tudo bem ele ter um símboloreligioso, porque ele está manifestando a religiãodele. Agora em ambiente que trabalham vários servidores e elese destina a receber a população, não dápara dizer que é a manifestação da religiosidadede uma ou outra pessoa.”Apresença de crucifixos em tribunais e outros edifíciospúblicos é uma imposição da maioriacristã sobre as minorias de outras religiões, na opinião da professora da Universidade de SãoPaulo (USP) e militante de direitos humanos Roseli Fischmann.

Segundoela, essa situação causa constrangimento a pessoas quepertencem a essas minorias.“Você vai para um julgamento em umtribunal e você é budista você não se sentebem, você está excluído daquele espaço,que é um espaço público.”Para opresidente da Associação Brasileira de Ateus eAgnósticos (Atea), Daniel Sottomaior, existem váriosoutros sinais que mostram a influência da religiãono Estado. Eledestaca o exemplo da citação Deus Seja Louvadonas cédulas de dinheiro. “Nenhuma instituiçãotem esse poder para escrever seus ideais no dinheiro de umpaís e por seus símbolos no Judiciário, no Executivo e no Legislativo”, ressaltou. Sottomaioracredita que a presença da fé no Poder Público constrange cidadãos, que como ele, não tem religião.Para opadre e doutor em direito, Salmo de Souza, os símbolosde fé afixados até mesmo em prédios públicos“estão em coerência com a tradição dopovo na sua maioria”. Por isso, na opinião de Souza, énecessário compreensão por parte das minorias.