Moradores do Rio protestam contra mudança em bondes de Santa Teresa

23/08/2009 - 16h12

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Moradores de SantaTeresa, no centro do Rio, realizaram um ato público na manhãde hoje (23) para reclamar do descaso do governo do estado na gestãodo sistema de bondes do bairro, tradicional ponto turístico dacidade. O protesto ocorreu uma semana depois do acidente entre umbonde, um táxi e um ônibus que matou a professora Andréade Jesus Resende, 29 anos, e deixou nove pessoas feridas. Ao ser atingido pelotáxi numa rua do bairro, o sistema de freios eletrônicos,implantado recentemente no bonde, falhou e o veículo desceu deré, batendo, em seguida, na lateral do ônibus, que subiaa ladeira.A vice-presidente daAssociação de Moradores e Amigos de Santa Teresa(Amast), Juçara Braga, explicou que há cerca decinquenta dias tramita uma ação na JustiçaFederal pedindo a retirada do sistema dos novos bondes, que nãotêm freio manual. Segundo ela, a associação vemdenunciando o problema há meses.“Na véspera doacidente, mandamos uma nota à imprensa denunciando um acidenteque tinha acontecido na segunda-feira anterior e dizendo que erapreciso tomar providências antes que um acidente pioracontecesse.”Para JuçaraBraga, o governo do estado precisa assumir oficialmente aresponsabilidade sobre o acidente, que teria sido causado “porque aSecretaria de Transportes mudou a tecnologia dos bondes antigos”.A Secretaria Estadualde Transportes contestou, na última semana, os argumentos daAssociação de Moradores de Santa Teresa para justificaro que teria provocado o acidente. De acordo com a nota da secretaria,o bonde não perdeu o freio, mas acionou o de emergênciae o veículo derrapou. O governo do estado, segundo o órgão,tem o maior interesse em zelar pela segurança dos usuáriosdo serviço. Para isso, o secretário de Transportes,Julio Lopes, determinou uma auditoria a fim de averiguar o que defato ocorreu no momento do acidente.Desde quinta-feirapassada, por pressão da Amast, os bondes reformados nãoestão circulando. Dos 14 bondes, sete foram reformados. Desdeentão, apenas dois bondes antigos estão funcionando.A família daprofessora morta no acidente anunciou que vai entrar com uma açãona Justiça contra o governo estadual. Na próximaterça-feira (25), os moradores farão uma manifestação,a partir das 11 horas da manhã, em frente ao prédio daJustiça Federal no Rio, no centro da cidade, onde tramita aação apresentada pela Amast.O governador, SérgioCabral, anunciou na semana passada que o controle do sistema debondes de Santa Teresa, hoje sob responsabilidade da SecretariaEstadual de Transportes do Rio de Janeiro, passará para a prefeitura.O deputado AlessandroMolon, do PT, enviou ofício ao secretário estadual deTransportes, Julio Lopes, pedindo que o estado suspenda o pagamentode quaisquer valores em favor da TTrans, empresa que fez a reformados bondes de Santa Teresa. No documento, o parlamentar destaca que oTribunal de Contas do Estado considerou ilegal o contrato daCompanhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística(Central), operadora dos bondes, com a TTrans.