Genoma do mosquito da malária pode subsidiar produção de vacina e repelente

22/08/2009 - 12h23

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Cientistasbrasileiros já mapearam 85% do genoma do mosquito transmissorda malária na América do Sul, o Anopheles darling. Deacordo com a pesquisadora do Laboratório Nacional deComputação Científica (LNCC), Ana Tereza Vasconcelos,já há informação suficiente parasubsidiar a produção de vacinas para a doença erepelentes para o vetor.Osequenciamento do genoma vai identificar os genesresponsáveis pelas características do mosquito, alémde identificar proteínas importantes para estudos de combate àmalária. “É como se fosse um manual de instruçõesdo mosquito”, compara Ana Tereza.Ospesquisadores estão há pelos menos três anos noprojeto e analisam centenas de amostras do mosquito, colhidas nointerior da Amazônia. Até o fim deste ano, o grupo doLNCC pretende ter mais de 90% do genoma decodificado.Dosequenciamento à produção de vacinas ourepelentes, Ana Tereza reconhece que haverá um tempo longo,mas afirma que já há pesquisas com esse fim em andamento.“Identificamos algumas proteínas que são responsáveispelo mosquito sentir o odor do homem, se a gente cria um repelentecapaz de impedir que o inseto tenha esse olfato tão apurado,ele não vai mais picar o homem e vai acabar morrendo, porqueprecisa do sangue humano para se alimentar”, aponta.SegundoAna Tereza, “entender a biologia desse organismo [o mosquito]”é fundamental para o controle da doença. O genoma doprotozoário causador da malária – que tem parte dociclo de vida no mosquito – já foi decodificado, de acordocom a pesquisadora.Alémdo vetor da malária, o grupo do LNCC está pesquisando ogenoma do Trypanosoma cruzi, causador da Doença de Chagas esequenciando células de câncer de mama e de cólon.Os estudos integram o projeto Rede Genoma Brasileiro.