Votação no Conselho de Ética do Senado racha bancada petista

19/08/2009 - 19h22

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O arquivamento de todasas 11 acusações contra o presidente do Senado, José Sarney(PMDB-AP), hoje (19), no Conselho de Ética, com a apoio de senadoresdo PT, provocou um racha na bancada do partido. Um dos trêspetistas que votaram a favor do arquivamento das acusações contraSarney, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) criticou a postura dolíder Aloizio Mercadante (SP) e se disse “abandonado” e“desemparado” durante a votação.Delcídio afirmou queser governo tem ônus e bônus e a postura dos senadores do PT noconselho foi decidida pela Executiva Nacional. “Política é assim:tem seus ônus e seus bônus. Não venho aqui para o Senado posar debacana quando sou governo, quando também tenho que defender posiçõesque o partido me orienta e que são importantes para o governo”,argumentou Delcídio.Outro petista, FlávioArns (PR), disse que se sentia envergonhado por pertencer ao PT.“Posso dizer que me envergonho de estar no Partido dosTrabalhadores. Quero dizer isso de forma bem clara aos meuseleitores. Infelizmente, me equivoquei, me enganei. Achei que [opartido] fosse algo sério, ético. É uma pena, uma vergonha aforma como os senadores do partido votaram no Conselho de Ética.Peço que esse senadores prestem contas no seus estados para seposicionar dessa maneira”, disse Arns, que pode deixar o partidoainda hoje.Apesar de evitar falarna saída de Mercadante da liderança do partido no Senado, Delcídiosinalizou que depois do encaminhamento dado pelo líder, hoje, noconselho, a situação está insustentável. “Ele [Mercadante]deveria ter lido a nota e falado aquilo que foi combinado. A nossaposição de sempre foi de analisar os documentos, mas semprerespeitando a posição do partido. Ele não leu [a nota] edepois, quando pediu a palavra, nos deixou desamparados, o que umlíder não pode fazer, infelizmente”, disse Delcídio.Antes da votação doarquivamento das denúncias contra Sarney, o senador João Pedro(PT-AM) leu uma nota enviada pelo presidente da sigla, RicardoBerzoini. Na carta, o Berzoini afirmava que a posturas dos petistasno colegiado não seria individual, mas partidária e “de cima parabaixo”.“Cumprimos exatamenteaquilo que foi acordado. Infelizmente, não foram todos que cumpriramo que acordamos. Fomos para o sacrifício sim, mas estamos de acordocom isso”, reforçou Delcídio.Outro senador petista,Eduardo Suplicy (SP), disse que poderia ter votado pelo arquivamentodas acusações contra Sarney, desde que ele apresentasse sua defesano conselho. Mas argumentou que seu voto seria conforme suaconsciência. Suplicy disse ainda que, de acordo com o Berzoini, anota era uma orientação. “A nota era uma orientação e não umadeterminação e, por isso, publicamente disse que como eraexpectativa poderíamos votas conforme nossas consciências econvicções.”Após o arquivamentodas ações contra Sarney, Mercadante e a líder do governo noCongresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), saíram do conselhopelos fundos e evitaram falar com a imprensa.